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LETRAS CANCIONEIRO DA CAÇA
Esta é uma pequena parte da História da Aviação de Caça e daqueles homens que procuraram transmitir aos "noviços" a sua vibração, o seu ideal e as estórias de seu tempo, através da adaptação de letras às canções populares, procurando retratar o "momento da Caça" de cada época.
Em muitos casos, essas canções apareceram nos encontros casuais, foram progressivamente modificadas de modo a tornar difícil, na atualidade, a perfeita identificação de seus autores. Em outros, sabe-se exatamente a sua origem. E quando esta for a situação, será feita uma breve sinopse do episódio gerador da canção e citados, na medida do possível, seus autores.
A versão original deste Cancioneiro foi elaborada em 1965 pelo então Maj Bezerra, Comandante do 2o/1o Gp.Av.Ca., tendo sido apresentada, pela primeira vez, no Baile da Caça daquele ano (22 de abril). As músicas foram cantadas em coro à medida que o locutor, Ten Fleury (Fleury "Jatobá" - Piragibe Fleury Curado) lia o texto, tendo ao piano o acompanhamento do "Doc" Renato (Renato Machado Silva).
Nosso Cancioneiro começa com a letra original do "Pó Pó Pó" que é baseada em uma fábula intitulada "A Cobra e o Lagarto", que surgiu em julho de 1944, quando o Grupo de Caça, após chegar a Nova Iorque e permanecer alguns dias de quarentena em Camp Shank, deslocou-se de trem para a Base de Suffolk onde iria voar o P-47.
Não havendo o que fazer durante a demorada e desconfortável viagem, os Caçadores, liderados pelos Tenentes Coelho, Meira e Cordeiro se puseram a cantá-la em coro, lançando as bases para o Cancioneiro da Caça.
Após o regresso a Santa Cruz, o "Pó Pó Pó" se consagrou definitivamente, tendo no pós-guerra, o Ten Berthier como um dos mais entusiasmados solistas.
CANCIONEIRO DA CAÇA
"QUE SAUDADE DO VELHO"
Nos idos de 1965-1966 falava-se muito em reequipamento. Os candidatos eram F-5A, A-4, F-86 e o G-91 e inúmeras especulações em torno do tema, mas o velho Gloster permanecia impávido, até que começaram a surgir problemas de rachaduras na seção central - o avião fora construído como interceptador e nós o utilizávamos para ataque ao solo.
Os aviões, então, começaram a sofrer restrições, fadigômetros foram instalados e o resultado foi que o voo diminuiu.
Nesta época, a instrução de voo avançado da Escola de Aeronáutica, por sua vez, estava começando a ser ministrada em Pirassununga e a tradicional falta de instrutores já existia.
Logo começaram, portanto, a surgir pedidos para que os Jambocks e Pif-Pafes dessem a sua contribuição. Iam eles para Pirassununga na 2a feira e lá voavam até a 6a.
É claro que, quando em 1966, os F-8 foram parando, esses mesmos Caçadores ficaram sem emprego. Os mais previdentes já estavam em Fortaleza. Aos outros, o destino reservou Pirassununga. Para lá seguiram os Tenentes Adjanir Mathiesen Queiroz, Quintino Coelho da Costa, Danilo Orlando e Itamar Drumond (este acabou passando por "louco" e não foi).
Os intelectuais - Euro Campos Duncan Rodrigues, Júlio Vasquez Pato e Walter Beltri - encontraram guarita no ramo da engenharia (IME e ITA).
Naturalmente, toda esta confusão teria de ser registrada pela veia poética do Ten. Duncan em uma emocionante versão da "Saudosa Maloca" de Adoniran Barbosa.
O Comandante do Grupo, na época, era o Maj. João Soares Nunes e o S-4 do Grupo o Cap. Ivan Moacir Frota, ambos, também, citados na música. A "Saudosa Maloca" serviria, também, de tema para outra belíssima versão quando da entrega dos velhos TF-33 do 1o/4o G.Av. para o 1o/14o. O autor dessa nova versão foi o Tenente Hugo José Teixeira Moura.
"QUE SAUDADE DO VELHO"
Se o senhor não tá lembrado
Dá licença eu vou contar
Ali onde agora está
Aquele Xavante novo
Já passou T-33 e F-80 glorioso
Foi aqui seu moço
Que no peito e na raça
Nos "formemo"
Piloto de Caça
Certo dia nós nem pode se alembrá
Veio os home lá de Palegre
Pra todos os "velho" levar
Peguemo todas nossas máquina
E fumo pra Santa Cruz
Fazer a distribuição
Ai que tristeza
Que nóis sentia
Cada "velho" que partia, doía no coração
Teve uns querendo ficar
Dando pane no caminho
Mas os homens querem o avião
Nós põe outro no lugar
Só se conformemo
Quando a EMBRAER entregou
O Xavante bem novinho
E fez voar os Caçador
Mais hoje nós sente falta
Saudade nós sente falta
Saudade nós sente sim
E pra esquecer
Que saudade do "velho"
Avioneta de guerra
Respeitado mundialmente
Já voou por toda parte
CANCIONEIRO DA CAÇA
"SAUDOSA POIOCA"
Nos idos de 1965-1966 falava-se muito em reequipamento. Os candidatos eram F-5A, A-4, F-86 e o G-91 e inúmeras especulações em torno do tema, mas o velho Gloster permanecia impávido, até que começaram a surgir problemas de rachaduras na seção central - o avião fora construído como interceptador e nós o utilizávamos para ataque ao solo.
Os aviões, então, começaram a sofrer restrições, fadigômetros foram instalados e o resultado foi que o voo diminuiu.
Nesta época, a instrução de voo avançado da Escola de Aeronáutica, por sua vez, estava começando a ser ministrada em Pirassununga e a tradicional falta de instrutores já existia.
Logo começaram, portanto, a surgir pedidos para que os Jambocks e Pif-Pafes dessem a sua contribuição. Iam eles para Pirassununga na 2a feira e lá voavam até a 6a.É claro que, quando em 1966, os F-8 foram parando, esses mesmos Caçadores ficaram sem emprego. Os mais previdentes já estavam em Fortaleza. Aos outros, o destino reservou Pirassununga. Para lá seguiram os Tenentes Adjanir Mathiesen Queiroz, Quintino Coelho da Costa, Danilo Orlando e Itamar Drumond (este acabou passando por "louco" e não foi).
Os intelectuais - Euro Campos Duncan Rodrigues, Júlio Vasquez Pato e Walter Beltri - encontraram guarita no ramo da engenharia (IME e ITA).
Naturalmente, toda esta confusão teria de ser registrada pela veia poética do Ten. Duncan em uma emocionante versão da "Saudosa Maloca" de Adoniran Barbosa.
O Comandante do Grupo, na época, era o Maj. João Soares Nunes e o S-4 do Grupo o Cap. Ivan Moacir Frota, ambos, também, citados na música.
"SAUDOSA POIOCA"
Si o senhô num tá lembrado
Dá licença deu contá:
Aqui onde agora istá,
Esse monumento,
Antis era um caça à jato,
Com foguete bem armado
Foi nele seu moço
Que eu e os pilotos de caça
Avuava, aconteceu uma desgraça!
Sexta-fêra, treze,
Nóis num pode nem lembrá
Veio um rádio do Parqui di Marti
A D.M. mandô inspecioná!
Peguemo nossos badulaque!
E fumo pro meio do Hangar,
Assisti aquela inspeção!
Ai Qui tristeza
Que nóis sentia!
Rachadura aparecia
Bem na seção centrá!
Majó Nunes quis gritá
Lá de longe eu falei
Os hômi tá qu'a razão
Nóis arranja ôtro avião!
Não nos conformemos
Quando o Frota falô:
Nada é eterno e o Gloster si acabô!
E hoje nóis paga "pane"
P'ros cadeti na Escola...
E para esquecê
Nóis cantemo assim...
Saudosa "poioca"
Poioca querida!
Didonde nóis vuêmo,
As horas feliz das nossas vida...
"canse canse cuê!" (estribilho)
"canse canse cuê!" (estribilho)
tchiiiiii! (barulho do escapamento de ar comprimido do freio do Gloster)
CANCIONEIRO DA CAÇA
"PILOFE DE ARROMBA"
Em 1965, no dia 25 de março, quando voltava de uma missão de Tiro Aéreo, uma Esquadrilha de F-8 (Gloster) do 1o Esquadrão do 1o Grupo de Aviação de Caça liderada pelo Cap. Odilon Holmitives Pereira e tendo como um dos alas o Ten. Manoel Carlos Pereira, foi partícipe de um insólido acidente.
Tendo entrado na esteira de turbulência do avião da frente durante o pilofe, o Ten. Carlos perdeu o controle da aeronave e se precipitou ao solo, placando e deslizando de marcha-ré pelo mato no pântano da pista 04 de Santa Cruz.
O avião ficou escondido na vegetação e houve certa dificuldade na sua localização por parte dos bombeiros e ambulância.
A música faz referência ao Ten. Thomas Anthony Blower que pilota o avião "reboque" e que "emocionado" alijou a biruta (alvo de tiro aéreo) na Baía de Sepetiba e ao Ten. José Flávio Celestino que voava num TF-7 um duplo comando de voo de instrumentos e que, também emocionado ante a gravidade do acidente, deu uma certa "escorregada" no papo rádio ao ver o piloto sair da máquina.
A canção ainda faz referência ao Ten. Paulo José Paulo que era Chefe do Material do 2o Esquadrão e que não teve nada a ver com a estória mas nela entrou por liberdade poética do autor, Ten. Euro Campos Duncan Rodrigues.
Fala ainda do Cap. Renato Machado Silva, médico do Grupo e exímio pianista.
O acidente foi extremamente grave e o Ten. Carlos saiu ileso por verdadeiro milagre, foi o fator mais importante para o final feliz. Dizia-se na época, que o Ten. Carlos, consciente de ter caído à esquerda da pista e sem saber que estava a 180o com a direção de pouso, teria abandonado o avião e disparado para a sua direita, embrenhando-se mais ainda no mato.
Esta versão é peremptoriamente contestada, até hoje pelo próprio, da mesma forma que é negado o testemunho do Ten. Renato Azuaga Ayres da Silva, segundo o qual o acidentado ao se despir para realizar o exame médico logo após o acidente, surpreendeu a todos por estar trajando uma cueca "samba-canção" presa com arame de freno.
Convém ainda registrar que à época o Ten. Carlos era noivo da filha do Maj. Mário Joaquim Dias, Comandante do Grupo, que havia também, sobrevivido a um sério "pilombo" na vala da cabeceira da pista 22.
O comentário do Ten. Blower então, foi de que o mal "seria de família".
Deste episódio saiu o Pilofe de Arromba, baseada na música "Festa de Arromba" de Roberto Carlos.
Vejam que pilofe de arromba
No outro dia eu vi puxar
Logo na inicial, veja só o Esquadrão
A puxada foi normal
Ai meu Deus que confusão!
Quase não consigo, no que vi, acreditar
Pois o intervalo estava mesmo de amargar
Eh, eh, que onda
Pilofe de arromba
Logo que eu olhei eu notei
Tenente Carlos embicado pro chão
Enquanto Tommy Blower, cabrava o avião
Largando a biruta, direto para o chão
Celestino via e logo arremetia
Olhava pro piloto, que do bicho não saía
Ai, ai, meu Deus, entrou numa fria
Dr. Renato na ambulância
Rumava para a pista
Os bombeiros se enrolavam
Não achavam o avião
A torre de Controle não podia nem falar
Enquanto o Celestino não parasse de gritar
Mas vejam quem surgiu de repente
Tenente Carlos com o manche na mão
Enquanto o Tommy e o Paulinho
Se viravam num gato
A manutenção, entrava pelo mato
Lá longe o corre-corre
Dos tenentes no hangar
Pensando no velório
Que teriam de aturar
Eh, eh, pilombo
Pilofe com tombo
Pilombo, pilofe com tombo
CANCIONEIRO DA CAÇA
"DE CONVERSA EM CONVERSA"
Quando os F-8 chegaram, as obras de alongamento da pista de Santa Cruz limitavam o vôo pela poeira que os caminhões-caçamba e as máquinas de terraplenagem produziam. À mesma época, o Dr. Janot Pacheco fazia experiências sobre chuva artificial, que pretendia que "caíssem" sobre Ribeirão das Lajes. Para isso, "criava" enormes CB'S que "desmontavam" sobre SC, limitando mais ainda o vôo na Base.
Além disso, já se preparava a ida de um Esquadrão para Natal, onde seria dada a instrução de Caça, ainda em F-47, sendo a solução alternativa dar a instrução de caça em Porto Alegre, para voar os "velhos P-40".
O Ten. Joel Miranda, cogitado para ir para Porto Alegre, preferiu Natal... E criou a letra associando os fatos do momento:
Oi, de conversa em conversa V. vai matando
Meu gosto de voar
Oi, de palavra em palavra ainda está querendo
Me espinafrar
A Camargo Correia uniu-se com o Janot
Só pra me maltratar
Cada dia que passa é uma TF aí
Que deixei de voar
Viver assim não adianta é melhor juntar
O equipamento
Capricha o escalonamento e vamos embora
Pra Natal
Vivendo dessa maneira, continuar é besteira
Não adianta não
Se a 22 faz poeira, deixa de asneira
Eu quero um avião