BOLACHAS DE CAÇA 

  

Nestas páginas são contadas breves histórias sobre a criação da 3ª Força Aérea (o nosso "Comando de Caça"), da Associação Brasileira de Pilotos de Caça (ABRA-PC) e das Unidades de Caça da Força Aérea Brasileira.

Descreve-se também a heráldica dos símbolos dessas organizações, que os aviadores passaram a denominar de "bolachas", devido à forma arredondada e dimensões similares às desse tipo de biscoito dos primeiros símbolos criados.

As bolachas são fator de motivação e de destaque, criando um forte vínculo entre as equipagens de combate da unidade aérea.

Normalmente são confeccionadas em separado, e depois costuradas nos uniformes de vôo (atualmente são fixadas com "velcro®").

 

Escolha na relação abaixo a bolacha a ser consultada. 

                                                                                                                                                                                                                              

1o/16o GRUPO DE AVIAÇÃO

"Esquadrão ADELPHI"

(Criação, Origem do termo "Adelphi" e descrição do símbolo)

 

I - Histórico do Símbolo do 1o/16o G.Av.

Em 1977, a Força Aérea Italiana elaborou o requisito militar para um caça-bombardeio e de reconhecimento leve, que pudesse substituir os seus FIAT G-91.

Em março de 1980, verificando a identidade entre o requisito italiano e as necessidades brasileiras para uma aeronave semelhante. O Brasil associou-se ao programa AMX, visando desenvolver um equipamento que viesse ocupar uma lacuna existente na Força Aérea Brasileira, já que os F-5 e os Mirage III cada vez mais se especializavam na missão de Defesa Aérea. O programa foi se desenvolvendo e trazendo muitos benefícios para o país, pois permitiu à nossa indústria aeronáutica, de uma forma geral, capacitar-se a produzir uma aeronave e equipamentos de alto nível tecnológico com uma significativa transferência de tecnologia. A aeronave ficou conhecida como AMX, porém, para a Força Aérea Brasileira, denominou-se A-1.

Em 1987, um grupo de oficiais e sargentos atendeu a um convite que solicitava voluntários para compor a 1a Unidade de A-1 na Força Aérea. Este grupo realizou várias atividades e vários cursos de elevação de nível e a sua transferência, para a cidade do Rio de Janeiro, só se efetivou no inicio de 1988. No dia 4 de fevereiro desse ano, criou-se o Núcleo da primeira Unidade Aérea para emprego da aeronave A-1 (NU-A1), através da Portaria Ministerial no R-055/GM3, sendo designado para comandá-la o, então, Ten.Cel.Av. Quírico.

O dia 18 de abril de 1988 marcou a definição do código-rádio da Unidade. A idéia era de que deveria ser algo representativo das nossas tradições. A palavra ADELPHI surgiu naturalmente por ocasião das Comemorações da Semana da Caça. O comandante do NU-A1, juntamente com o oficial de operações da Unidade, reuniram-se com o Brig. Nero Moura e alguns veteranos do 1o Gp.Av.Ca., onde apresentaram o desejo de utilizarem aquela palavra de significado tão expressivo para os bravos e inesquecíveis veteranos como código de chamada do Esquadrão, solicitando a autorização para isto. Após algumas considerações, foi ratificado o código ADELPHI para a nova Unidade que surgia.

No dia 10 de agosto de 1988 iniciou-se o processo de escolha do símbolo da Unidade. Ainda em 1988, no dia 7 de novembro, o NU-A1 é desativado e criado o NU 1o/16o G.Av., através da Portaria no R-535/GM3.

No dia 23 de fevereiro de 1989 foram apresentadas as "bolachas" para a escolha do símbolo. Concorreram quarenta e cinco emblemas!

No dia 6 de março de 1989 houve a 1a votação e foram selecionadas oito "bolachas". A expectativa da "bolacha" que iria compor os macacões de vôo e marcar a identidade do Esquadrão era muito grande. Finalmente, no dia 2 de maio de 1989, foi escolhida a grande vencedora, nascendo assim o símbolo do Esquadrão ADELPHI, tendo como criador o Maj.Av. Bombonato, que era integrante do 1o/14o G.Av.(Pampa).

Assim, finalizando a implantação do A-1 na Força Aérea Brasileira, já com a "bolacha" ostentada no peito dos Adelphis, os pilotos iniciaram os seus primeiros vôos e o Esquadrão ADELPHI decolava para o cumprimento da sua nobre missão.

II - Significado do Termo "ADELPHI" (e "Grito de Guerra")

Ligado à vida dos veteranos do Primeiro Grupo de Aviação de Caça, o termo originou-se de uma marca de cigarros de nome "ADELPHI", lançada em 1939, pelaadelfi-cigar Companhia de Cigarros Castelões. 

Os cigarros eram acondicionados em carteiras de papelão azul, cujas letras eram douradas. Em cada carteira havia uma figurinha ou um cheque, com valores numerados, que, quando colecionados, somavam pontos e podiam ser trocados por brindes em uma loja situada na Rua Mal. Mal. Floriano, no centro da cidade do Rio de Janeiro. Esses brindes eram pequenos objetos para uso pessoal ou doméstico.

A propaganda do cigarro era feita no rádio. No anúncio, várias pessoas participavam batendo palmas, emitindo o seguinte som: "PÁ...PÁRÁ-PÁ...A-DÉLFI !" (esta última palavra dita de maneira enérgica). Logo tornou-se uma saudação muito especial, destinada a reverenciar os pilotos de caça da Força Aérea Brasileira que pereceram nos céus da Itália, e também para marcar eventos de excepcional relevância para a Aviação de Caça ou para a Força Aérea Brasileira.

Unindo o passado dos pilotos de caça de outrora e suas poderosas aeronaves P-47 ao presente dos novos pilotos de caça e suas modernas aeronaves A-1, o 1o/16o G.Av. adotou a palavra ADELPHI como designação oficial da Unidade e do código de seus pilotos, perpetuando assim uma tradição e uma justa homenagem aos veteranos do 1o GP.Av.Ca.

III - Descrição Heráldica do Símbolo do 1o/16o G.Av.

  • Escudo de formato francês, tendo à destra do chefe o Gládio Alado, símbolo do Comando da Aeronáutica, em jalne (amarelo).
  • O campo partido em faixa, com a parte superior em Blau (azul cerúleo) representando o céu e a parte inferior em prata (branco) representando a superfície terrestre, onde aparecem coordenadas em Sable (preto)
  • Sobreposto às faixas, destaca-se uma figura estilizada em Prata (branco) , representando, ao mesmo tempo, um homem e uma ave, de cujos olhos parte um feixe luminoso em Goles (vermelho), sendo seu significado a localização precisa de alvos. A mesma segura, ainda, uma espada em Jalne (amarelo) e Sabre (preto) simbolizando a precisão do sistema de armamentos da aeronave A-I.
  • Brocante à figura, destaca-se um escudo, também em Jalne (amarelo) e Sable (preto), cujo significado é a auto-proteção eletrônica. Sobrepondo-se ao mesmo, aparecem os numerais ordinais 1o e 16o em caracteres digitais, em Jalne (amarelo), cujo significado é a informatização dos sistemas da aeronave.
  • Em contrachefe, destaca-se uma faixa em Blau (azul ultramar) com ondulações em Prata (branco) representando o mar.
  • Ao fundo, destacam-se triângulos em Sable (preto) representando as elevações da superfície terrestre.
  • Contorna o escudo, um filete em Jalne (amarelo).

 

 

2o ESQUADRÃO DO 1o GRUPO DE AVIAÇÃO DE CAÇA

"PIF-PAF"

(Origem, Criação/Descrição do Símbolo e do Código-Rádio)

 

* Depoimento do Brig.Ar.Ref. João Eduardo Magalhães Motta, Jambock 52, Pif-Paf 05, Pacau 05, Pampa 98 e King 01, em 26 de Junho de 1999

I - Origem do Esquadrão


O 2o/1o Gp. Av. Ca. foi criado pelo Decreto No 6.796, de 17 de agosto de 1944, com sede na Base de Natal, com a designação 2o Grupo de Caça. Transferido para a Base Aérea de Santa Cruz, pelo Decreto-lei No 6.926, de 5 de outubro de 1944, passou a integrar o 1o Regimento de Aviação (1o R.Av.). Era equipado com aviões Curtiss P-40E/K/M/N.

Formou um grupo de 29 pilotos de caça, que ficaram conhecidos como os "33 do PACÍFICO". Para isso, foi ativada uma unidade, dentro do 2o Grupo de Caça, USBATU (United States-Brazil Air Training Unit), a quem coube esse treinamento, orientado e dirigido por oficiais da USAAF (Força Aérea do Exército dos Estados Unidos), recém chegados dos teatros de operações da 2a Guerra Mundial.

Com o regresso do 1o Grupo de Aviação de Caça (1o Gp. Av. Ca.), em julho de 1945, a unidade teve seu comando substituído por oficiais veteranos da Campanha da Itália, que assumiram as funções de Comandante, Oficial de Operações e Comandantes das esquadrilhas, até que, com a chegada dos Republic P-47D25/27/28/30, vindos da Europa, seu material foi substituído, e seus Curtiss P-40 transferidos para o 3o Grupo de Caça sediado em Porto Alegre.

No início de 1946, 36 aspirantes (sendo um da Reserva), foram classificados no 1o Regimento de Aviação ( Santa Cruz), para tirar o curso de Caça. Ao 2o Grupo de Caça (2o Gp. Ca.) coube a missão de UNIDADE DE TREINAMENTO, pelo qual continuou responsável até 1952. Para isso, foi-lhe agregado o ESPC (Estágio de Seleção para Pilotos de Caça) que, com aviões North American AT-6, complementava a instrução da Escola de Aeronáutica, até o solo no P-47.

O 2o Gp. Ca. mudou de nome duas vezes. Em 24 de Março de 1947, o decreto No 22.802 transformou-o no 2o/9o Grupo de Aviação, junto com o 1o Gp. Av. Ca. que passou a ser o 1o/9o Grupo de Aviação, ambos sediados na Base Aérea de Santa Cruz.

Mais tarde, pelo decreto No 27.313 de 14 de Outubro de 1949, devido aos insistentes pedidos dos caçadores e, principalmente dos veteranos da Itália, o 9o Grupo de Aviação voltou a ser 1o Grupo de Aviação de Caça, agora com dois esquadrões; o 1o/1o Grupo de Aviação de Caça (Ex 1o Grupo de Aviação de Caça) e o 2o/1o Grupo de Aviação de Caça (Ex 2o Grupo de Caça).

Como Esquadrão de Instrução, sua dotação era;

  • Comandante:  Maj.Av. 
  • Oficial de Operações: Cap.Av.
  • 1a Esquadrilha: Cmt. e no 3  Cap.Av. e 2o Ten.Av.
  • 2a Esquadrilha: Cmt. e no 3 Cap.Av. e 2o Ten.Av.
  • 3a Esquadrilha: Cmt. e no 3 Cap.Av. e 2o Ten.Av.
  • 4a Esquadrilha: Cmt. e no 3 Cap.Av. e 2o Ten.Av.
  • Número de estagiários: Variável 

No primeiro ano, 1946, recebeu 36 aspirantes, dos quais 18 saíram pilotos de caça...

II -Criação do Símbolo

Foi nesse ESTÁGIO DE SELEÇÃO que, em 31 de Julho de 1946, faleceu em acidente o 1o Ten. Av. PEDRO DE LIMA MENDES,  veterano da Campanha da Itália, onde voara 95 missões de guerra e era, agora, instrutor e número 3 da 4a Esquadrilha. Seu avião no 1o Gp. Av. Ca. era o "C 5", da Esquadrilha AZUL. LIMA MENDES era uma figura impar. Piloto arrojado, oficial interessado em tudo que tinha a ver com avião, era pessoa alegre e divertida, sempre com mil estórias para contar. Em seu avião fizera pintar os dizeres "ROMPE MATO" (Figura lendária do candomblé brasileiro) que, desde os tempos de cadete, dizia ser seu Pai de Santo protetor. Voou suas 95 missões sem nunca ser atingido pela antiaérea inimiga. Na semana que se seguiu à sua morte, surgiu a idéia de se criar um cocar para a unidade, que de alguma forma o lembrasse.

O 2o Ten.Mecânico ATTILIO BOCHETTI, veterano da Itália, foi encarregado da missão e desenhou o símbolo que, até hoje, identifica as aeronaves do 2o Grupo de Caça (Atual 2o/1o Gp. Av. Ca.).

III - Descrição do Símbolo

  • A forma original do escudo deveria ser ajustada à carenagem lateral do nariz dos aviões P-47 e portanto foi feita em forma de elipse, com largura de 80% da altura. A moldura auriverde, simbolizando o Brasil, tem as mesmas cores da bandeira e a sua espessura é de 6% da largura da elipse.
  • O céu que simboliza a guerra (vermelho puro), as nuvens brancas, e o explodir da antiaérea, derivam do tradicional cocar dos "jambock".
  • Sobre a fuselagem do "Thunderbolt", em pé, qual um exímio cavaleiro à galope, está o PINGUIM que simboliza o aluno da Caça(*). O pinguim empunha um machete que além de destacar a agressividade do "Caçador", também justifica o ataque razante e o dístico ROMPE MATO.
  • O boné branco (tipo "Senta-Pua"), fazia parte do antigo uniforme da FAB. A única coisa que o prende ao piloto é a fita jugular, o que demonstra a rapidez com que é feito o ataque.
  • O avião é o P-47 "Thunderbolt" C5, que foi voado pelo Ten. Lima Mendes na Campanha da Itália. As duas bombas em queda, demonstram a versatilidade do avião de caça em executar a missão de bombardeio e em seguida continuar combatendo em ataques de oportunidade (estreifando).
  • O dístico ROMPE MATO, sobreposto às nuvens, homenageia a figura do candomblé brasileiro, da qual o Ten. LIMA MENDES acreditava ter proteção!

Nota: Os alunos de Caça eram tratados pelo carinhoso nome de "pinguins". Não se sabe exatamente a origem do termo. Sabe-se porém que, nos primórdios da aviação, costumava-se retirar as asas dos aviões e deixar os aprendizes os manobrarem no solo. Estes eficientes e desajeitados simuladores (com dois eixos de liberdade), eram denominados de "pinguins". 

IV - O Código PIF-PAF

Na década de 40, três jogos de cartas eram comuns, entre os pilotos, como distração nos casinos de oficiais; o BURACO, a CANASTRA e o PIF-PAF. Foi no final do ano de 1945, quando os veteranos da Itália assumiram o comando do 2o Grupo de Caça, que se fez sentir a necessidade de um código de identificação da unidade. A escolha do PIF-PAF foi fácil, não só por estar na boca de todos como por sua sonoridade no rádio, tornando-o compreensível na comunicação em vôo. Como conseqüência imediata, a adoção dos quatro naipes para identificar as esquadrilhas foi uma decorrência lógica:

  • 1a Esqda - OUROS
  • 2a Esqda - PAUS
  • 3a Esqda - COPAS
  • 4a Esqda - ESPADAS

Este é o segundo mais antigo código de Unidade Aérea da FAB, tendo completado 53 anos de existência e uso ininterrupto, em agosto/setembro de 1999.


 

BRASÃO HERÁLDICO DA ABRA-PC

 

O símbolo da Associação consta de um escudo de forma clássica contendo um "C" estilizado equivalente à primeira letra da palavra CAÇA, sendo descrita pelo deslocamento de um VETOR que tem todo o simbolismo do consagrado Distintivo Brasileiro de Piloto de Caça, e:

  • A trajetória do VETOR envolve o Cruzeiro do Sul significando a união de todos os Pilotos de Caça na missão constante de proteção ao País.
  • A CURVA harmoniosa e acentuada ressalta a "finesse" do Piloto e a grande manobrabilidade do VETOR de Caça.
  • A descontinuidade entre o VETOR e a CURVA mostra que, apesar de unidos e agindo em cooperação, os Pilotos de Caça preservam sempre a sua individualidade.
  • O AZUL CELESTE (blau) significa o meio de atuação da Caça, a lealdade dos Cavaleiros do Ar e a beleza da profissão.
  • A PRATA significa a Máquina Alada, a pureza, a firmeza de atitudes e a integridade de caráter daqueles que a dominam.

A feliz escolha da sigla ABRA-PC, também significa a ordem de comando do líder: -"LIGUE A PÓS-COMBUSTÃO"! (ABRA o P.C.!), indicando que o "Elemento" vai À CAÇA!

"À LA CHASSE!"

  

1º GRUPO DE AVIAÇÃO DE CAÇA

"SENTA A PUA"

(COCAR de GUERRA)

(Origem e Descrição Heráldica do Símbolo e do Grito de Guerra)

 

I - Origem do Símbolo

* Depoimento do Maj Brig (Ref) Fortunato Câmara de Oliveira (autor do Símbolo) - 56 missões de guerra.

É preciso lembrar que, com os incessantes e arrasadores ataques de submarinos alemães e italianos nas costas atlânticas, desde os EEUU. até o Brasil, seria muito arriscado transportar os aviões adquiridos por via marítima. E por essa razão ficou resolvido, pelas autoridades da Força Aérea, que todos os aviões adquiridos na América, desde os frágeis PT-19 até os mais avançados como os B-25, Hudson, etc., se deslocariam por via aérea, por seus próprios meios, até o destino final, o Brasil.

E levas e levas de pilotos e mecânicos do Brasil desembarcaram nos E.U.A. para formar essas equipagens de transporte. Assim, era comum se ver em New York, em Miami, em Los Angeles, San Antônio, e em várias cidades americanas, os grupos de pilotos e mecânicos brasileiros, perambularem pelas ruas daquelas cidades, antes de receberem os aviões e levá-los para o Brasil. O quepe branco já os diferenciava dos militares da terra. Mas, a maior diferença era na alimentação que lhes era oferecida, que contrariava todos os hábitos alimentares a que tivessem se habituado: feijão com açúcar, ovos em pó, leite também, etc.

O então Cel. Av. Aquino (Geraldo Guia Aquino) comparou-os a um "bando de avestruzes". A comparação virou apelido e difundiu-se entre nós. Assim, o avestruz do símbolo do 1o Grupo de Caça encontra sua origem nessa denominação histórica criada pelo Cel. Aquino (falecido quando já era Major Brigadeiro do Ar Reformado). O desenhista, para a feitura do símbolo avestruz, inspirou-se na fisionomia do Ten. Pedro de Lima Mendes, que realmente, era uma figura que se destacava do corriqueiro pelo seu perfil aquilino, seu porte e sua simpática personalidade. 

II - Descrição do Símbolo

  • A moldura auriverde simboliza o Brasil (mesmas cores da Bandeira - elipse com razão de 80% e espessura da moldura igual a 6% da largura da elipse).
  • O campo rubro sobre o qual se situa o avestruz guerreiro representa o céu de guerra onde combatiam os Pilotos de Caça (vermelho puro).
  • A parte inferior, onde está pousada a figura principal, são as nuvens brancas, o chão do aviador.
  • O escudo azul com a constelação do Cruzeiro do Sul é o símbolo usual que caracteriza as Forças Armadas do Brasil (mesmo azul da Bandeira).
  • O risco branco vertical, à direita, que é encimado por uma explosão de obus, foi acrescentado posteriormente, quando o 1o Grupo de Caça entrou em combate, e representa a incessante e certeira ação da artilharia antiaérea inimiga que fustigava os caçadores no Teatro de Guerra Italiano.
  • O Avestruz representa o piloto de Caça brasileiro, tendo como inspiração a fisionomia do Ten. Lima Mendes, com seu perfil aquilino e, ainda, o "estômago" dos Veteranos do 1o Grupo de Caça.
  • O quepe branco caracteriza mais nitidamente a sua nacionalidade.
  • A arma empunhada pelo avestruz é a representação do poder do fogo do P-47, com suas oito metralhadoras .50 (ponto cinquenta ou meia polegada de diâmetro interno do cano).
  • O dístico "Senta a Pua!" é o grito de guerra do 1o Grupo de Caça.

III - Grito de Guerra

O Grito de Guerra "Senta a Pua!", foi lembrado pelo então Ten. Rui Moreira Lima que o ouvia, constantemente, quando servia na Base Aérea de Salvador. Ouvira-o do então Capitão Aviador Firmino Alves de Araújo (falecido como Brigadeiro do Ar) que, com essa expressão - pronunciada de modo impulsivo - concitava os companheiros e subordinados ao cumprimento rápido das missões e ordens que dele recebiam. Nada melhor, portanto, que aplicá-lo ao combate, como o "A la chasse!" dos franceses e o "Tally Ho!" dos ingleses e americanos

IV - O Código JAMBOCK

* Depoimento do Maj Brig (Ref) Rui Barbosa Moreira Lima - Veterano de Guerra - 94 missões de guerra.

Quando o 1o Grupo de Caça chegou à Itália passou imediatamente ao comando de 350o Grupo de Caça americano (350th Fighter Group). Em Tarquínia, Itália, recebeu o nome de código com que iria operar até o fim de guerra: Jambock.

O 350th tinha sob seu controle operacional quatro Esquadrões de Caça, sendo três americanos e um brasileiro. Naquela ocasião, um Grupo de Caça na Força Aérea Brasileira, correspondia a um Esquadrão de Caça ou "Fighter Squadron" na "United States Army Air Force" (USAAF). Assim, durante nossas operações de guerra, éramos no 350th , o 1st "Brazilian Fighter Squadron". Os outros três esquadrões: 0 345th e 347th . Cada um tinha seu nome de código (code name), sendo todos obrigados a usá-lo em qualquer espécie de vôo. O procedimento é internacional. Alemães, japoneses, russos, franceses, ingleses, enfim, qualquer Força Aérea no mundo adota esse sistema. De um modo geral há um código de identificação do esquadrão, seguido de uma cor para cada Esquadrilha é um número para o piloto. Eu, por exemplo, me identificava na Itália como "Jambock Green Two (verde dois)".

Por que Jambock? O que significa essa estranha palavra que, vinda dos americanos, não consta nos principais dicionários ingleses?

Quando com ela nos batizaram perguntamos ao Oficial de inteligência do 350th qual o seu significado. "Jambock significa chicote". Isso nos bastou. Nenhum de nós teve a curiosidade de verificar em um dicionário se essa palavra existia. E ficamos de Jambock por longos 25 anos, com a certeza de que chicote era sua tradução correta.

Em 1969 porém, em uma entrevista comercial que tive com um diretor da Cia. de Cigarros Souza Cruz, Sr. Kenneth H.L. Light, este me perguntou donde eu tinha tirado o nome de minha firma Jacel Jambock, e o que queria dizer Jambock. - "Sr. Light, Jambock é uma palavra dos senhores, era nosso nome de código na Itália e quer dizer chicote" - "Não, Coronel Rui, essa palavra não existe nos dicionários tradicionais como Michaelis e Webster. Já a procurei. Acho que o senhor está enganado". Respondi-lhe em tom de brincadeira que, se morresse naquele instantes, "passaria a melhor" jurando que Jambock era chicote. Depois de algumas considerações, o Sr. Light se propôs a investigar o verdadeiro significado daquela mágica palavra.

Passados uns 45 dias fui avisado de que ele tinha uma surpresa. Procurei-o imediatamente. Mal nos cumprimentamos, foi falando: - "Realmente, Coronel Rui, Jambock quer dizer chicote, mas não chicote comum que o senhor estava pensando que era. Jambock é um chicote especial, feito com couro de rinoceronte e utilizado pelos nativos do Transvaal para dirigir o gado, seja em carros de boi ou em manadas". Tinha outro rumo, agradeci e resolvi continuar a pesquisa, indo ao Consulado da África do Sul no Rio de Janeiro.

Ali constatei que a palavra teve origem na Indonésia. Havia uma vara de madeira para castigar escravos, chamada por eles de Sambok. Posteriormente, a palavra e o instrumento de tortura emigraram para a Malásia. Quando os escravos malaios foram levados pelos ingleses para a África do Sul, introduziram o Sambok na língua afrikaan, em 1804, com a mesma grafia. Os sul-africanos brancos passaram a adotá-la em seu vocabulário escrevendo-a de modo diferente: Sjambok

Na África do Sul o Sjambok de madeira foi substituído por um chicote feito com couro de rinoceronte ou hipopótamo velho, utilizado como instrumento de tortura contra escravos.

Hoje, alguns fazendeiros conservadores ainda usam o Sjambok para castigar os filhos e os empregados que cometem pequenas faltas. A palavra é encontrada no pequeno Dicionário Oxford (inglês-afrikaan), edição atual, escrita em 1804: Sjambok

Em outubro de 1944, o 1o Grupo de Caça recebeu na Itália a palavra Jambock como código de identificação, com grafia diferente. Caiu o "S" inicial de Sjambok, sendo americanizada com um "C" antes do "K".

Por uma ironia dos fatos, o chicote utilizado pelos brancos contra os escravos africanos, indonésios e malaios passou a ser usado contra os "arianos puros" de Adolf Hitler, manejados por brasileiros livres que foram à Itália defender a liberdade e a democracia.

Hoje os jovens Jambocks de Santa Cruz, voando os velozes F-5 nos céus do Brasil, tal qual os Veteranos nos Thunderbolts nos da Itália, se identificam no ar, usando orgulhosamente o mesmo código, tradição legada pela unidade guerreira que tanto se destacou no Vale do Pó.

Alguns códigos utilizados pelos pilotos do 350th Fighter Group nas operações no Teatro de Operações na Itália:

  • 1st Brazilian Fighter Squadron: Jambock 
  • 345th Fighter Squadron:  Lifetime 
  • 346th Fighter Squadron:  Minefield 
  • 347th Fighter Squadron:  Midwood 
  • Torre de Controle (PISA):  Black Ball Tower 
  • Controle de radar sobre os Apeninos:  Hubbard 
  • Destacamento aerotáticos:  Rover Jô e Rover Pete

 

 

Distintivo-da-Caça

Distintivo de Operacionalidade da Aviação de Caça ("Sorvete" da Caça)

 A PORTARIA Nº 0502/GM3, de 17 de ABRIL de 1984, aprovou o Distintivo de Operacionalidade da Aviação de Caça, de uso exclusivo pelos Oficiais Aviadores, declarados "Piloto de Caça", "Ala Operacional", "Líder de 2º Elemento", "Líder de Esquadrilha", "Líder de Esquadrão" e "Líder de Grupo", respectivamente.
A distinção da qualificação é feita através da colocação de estrelas, em prata, de 5 (cinco) pontas, na parte superior do Escudo, conforme se segue:
a) 3 (três) estrelas - Líder de Grupo da Aviação de Caça e Comandante de Unidade de Caça da Força Aérea Brasileira, esse último através de nomeação por Portaria Ministerial;
b) 2 (duas) estrelas - Líder de Esquadrão da Aviação de Caça;
c) 1 (uma) estrela - Líder de Esquadrilha da Aviação de Caça; e
d) Sem estrela - Piloto de Caça, Ala Operacional da Aviação de Caça ou Líder de 2º Elemento da Aviação de Caça.

 DESCRIÇÃO E INTERPRETAÇÃO HERÁLDICA

 Escudo Francês, com o campo em blau (azul), simbolizando o meio ambiente onde se desenrolam as atividades aéreas das diversas tarefas da Aviação de Caça e também
a lealdade, fidelidade e fidalguia, designadoras da nobreza dos Pilotos de Caça. À destra do Chefe, cinco estrelas pentalfas, em prata (branco), simbolizando o Cruzeiro
do Sul, constelação dos céus brasileiros.
No coração, uma seta em prata, voltada para o cantão sinistro do Chefe, representando o símbolo da Aviação de Caça. Contorna o Escudo um filete em prata.
A distinção hierárquica entre os quatro Distintivos Operacionais é feita mediante colocação de estrelas de cinco pontas, em prata, frisadas, acima do Chefe.

 

Nota: A Portaria No 0503/GM3, de 17 de abril de 1984 aprovou o Distintivo de Graduado de Unidade de Caça.

 

"À LA CHASSE!"