1o/4o GRUPO DE AVIAÇÃO
"PACAU"
(Origem e descrição do símbolo)
I - Relato do Nascimento da "Bolacha"
* Depoimento do Cel. Av. R.R. Sérgio Camisão (Caçador e Artista Plástico)
"No ano de 1954 reiniciamos o curso de caça em Natal nos P-47, depois do difícil início nos incríveis P-40 em Porto Alegre, que marcou o encerramento do vôo dessas resistentes garças como avião militar no mundo. Nosso novo comandante do Esquadrão era o então Maj. Teixeira Rocha, que não só tinha o sorriso de Mandrake (o mágico da histórias em quadrinhos), mas até parecia com ele e foi assim que, numa bela manhã de sol "out of the blue" me surgiu o Major quando eu cuidava do mascote do Esquadrão juntamente com o Ten. Carvalho, o inesquecível "Macaco de Cheiro", e foi logo dizendo: Ten. Camisão, depois venha à minha sala. Voltou-se e saiu andando, claro que na mesma hora o "Macaco" deu um "brake" e desapareceu, olhei para o "Flieger", nome dado pelo Ten. Gohn quando ganhei o cão ovelheiro amarelo e branco ainda em Gravataí e que me acompanhou até Santa Cruz durante toda a minha vida como Caçador.
Esse cachorro tornou-se companheiro adulado por todos, mas que, exatamente por isso criou momentos bastante desagradáveis com o Comandante da Base, Cel. Silva Gomes, e com o próprio Teixeira Rocha quando no Clube da Base, a famosa "Rampa", demonstrou aos dois oficiais, que conversavam placidamente numa mesa, incorrigíveis maus modos em passeio não autorizado em locais não permitidos à sua espécie, confundindo pernas de mesa e de gente com postes e árvores. Quem conheceu os dois sabe o que isto significou. Tinha também provocado bastante reboliço ao tentar confraternizar com o mascote do pessoal da infantaria de guarda da base que era um carneiro e que de modo nenhum reconhecia nele qualquer intuito de amizade. Vocês podem imaginar o que este fato proporcionou e o que refletia na minha posição como aprendiz de caçador. Mas esta é outra história...Naquele momento apenas olhei para o "Flieger" e pensei, estou ferrado, o gracinha aprontou outra. Quando finalmente me arrastei até o Major, o mesmo me disse:
- Tenente Camisão, seus colegas me contaram que você desenha muito bem. Assim sendo, quero que você desenhe uma "bolacha" para o Esquadrão.
Senti um alívio imenso, mas por ser uma sexta-feira e como voávamos intensamente também nos fins de semana, queria ter algum tempo para mim e minha resposta foi precipitada, principalmente em se tratando com uma águia afiada como o Teixeira Rocha. Eu disse: - Major, o senhor me desculpe mas em questões artísticas eu só trabalho quando inspirado...
O Teixeira Rocha que estava sentado inclinou a cadeira para trás e disse: Tenente Camisão, o senhor tem toda razão e como vem um feriado, o melhor é emendar com o fim de semana e ficar na Base até a inspiração chegar e então me apresentar o desenho pronto!
Incrível! Nesta mesma sexta-feira a inspiração veio e nasceu o "Tetéu" com a ajuda do "Flieger" transformado em "cachorro" (mais agressivo) e com o tacape para trás das costas, que mais tarde, por consenso dos instrutores, passou para a frente, na posição atual.
O nome "Tetéu" que foi dado pelos pilotos, também surgiu depois."
II - O Nome "TETÉU"
O nome "Tetéu" vem de uma antiga posição geográfica da área de instrução, onde as armas das "máquinas" eram destravadas paras as missões de tiro e bombardeio no estande. Simboliza o estado operacional da Unidade.
O grito de guerra "Tô lhe manjando!" concretiza o estado de permanente vigilância em que se postam os instrutores, atentos às imperfeições do vôo de instrução, prontos para corrigir, acrescentar e aprimorar. Uma homenagem ao Instrutor de Caça, fisicamente incansável, vigoroso e exigente sem ser rude, corretivo sem ser punitivo...
Assim, a "Escola de Águias", após ter tido como sede todos os pontos onde existiram Unidades de Caça, hoje permanece fiel aos seus desígnios, alheia ao local ou ao tipo de avião. O que subsiste é o ideal, a tradição e o espírito imortal dos que a antecederam e ainda a inspiram.