2o ESQUADRÃO DO 5o GRUPO DE AVIAÇÃO
"JOKER"
(Histórico/Origem do Símbolo e do Código-Rádio)
I - A História do 2o Esquadrão do 5o Grupo de Aviação
A presença do avião de Caça no Rio Grande do Norte vem de longa data. Em verdade ela se inicia com a criação da própria Base Aérea de Natal em 01 de agosto de 1942, quando foi sediada uma Unidade de aviões P-40 ("Tomahawk", mais conhecido como "Tigre Voador"). Era o "Agrupamento de Aviões P-40" que, a partir de 24 de dezembro de 1942, seria redenominado "Grupo Monoposto-Monomotor". Mais ou menos na mesma época, também passam a operar em Natal alguns aviões Curtiss P-36 transferidos da Base Aérea de Recife, onde também funcionava um Esquadrão de P-36/P-40 (Grupo Monoposto-Monomotor).
Entretanto, embora os aviões fossem de Caça, não se pode efetivamente considerar que a missão também fosse, pois em verdade os P-40 foram, prioritariamente, utilizados em missões de "Cobertura Aérea" aos navios mercantes brasileiros quando do início da campanha contra submarinos inimigos.
Passa o tempo, e em 17 de agosto de 1944 é criado o 2o Grupo de Caça (o 1o Grupo havia sido criado em 18 de dezembro de 1943), que logo é transferido e efetivamente ativado em Santa Cruz (Rio de Janeiro) com os P-40 de Natal e Recife.
A Base Aérea de Natal passa então a ser sede do 5o Grupo de Bombardeio Médio (BM), tendo como um de seus pilotos o então 1o Ten. Av. José Carlos Teixeira Rocha, que não havia conseguido vaga como voluntário para o 1o Grupo de Caça e que mais tarde viria a ser o primeiro Comandante do 2o/5o G.Av. Anteriormente, entretanto, os P-40 de Natal já haviam marcado, de forma expressiva, a sua contribuição com os seguintes oficiais, para compor o efetivo de pilotos que iriam combater na Itália:
- Capitão Aviador Roberto Pessoa Ramos - realizou 95 missões de guerra, tendo sido Comandante do 1o Grupo de Aviação de Caça e da Base Aérea de Santa Cruz (BASC) após a IIa Grande Guerra. Faleceu em 1967 quando no posto de comando de um avião de transporte Douglas C-47 ao pousar em Vitória (Espírito Santo).
- 1o Tenente Aviador Luiz Felipe Perdigão Medeiros da Fonseca - realizou 85 missões de guerra. Escritor famoso, faleceu em acidente automobilístico em 1986.
- 1o Tenente Aviador Luiz Lopes Dornelles - realizou 89 missões de guerra e faleceu em combate, abatido pela artilharia antiaérea alemã em 26 de abril de 1945, nas proximidades da cidade de Alexandria. na Itália.
- 1o Tenente Aviador Waldir Pinto Pequeno de Mello - realizou somente uma missão de guerra, tendo falecido em acidente na Itália a bordo de um avião C-47, no dia 17 de novembro de 1944.
- 1o Tenente Aviador Álvaro Eustórgio de Oliveira e Silva - realizou 93 missões de guerra, tendo falecido em acidente de um C-47 em 7 de agosto de 1951, no Rio de Janeiro.
O regresso da Caça a Natal só iria ocorrer quando chegaram àquela cidade, precisamente às 17:00 horas do dia 6 de novembro de 1953, os nove primeiros aviões F-47 "Thunderbolt" oriundos da Base Aérea de Santa Cruz, liderados pelo Maj.Av. José Carlos Teixeira Rocha. A implantação do jatos F-8 "Gloster Meteor", no 1o Grupo de Caça, obrigara a transferência dos F-47.
Deste modo, chegaram a Natal aqueles que dariam continuidade, agora no nordeste, à nobre missão de formar os Pilotos de Caça da Força Aérea Brasileira. Traziam consigo o código do 3o/1o Grupo de Aviação de Caça: "Pacau".
Esse Esquadrão, o 3o/1o Grupo de Aviação de Caça, embora já desativado em 1953, herdara a missão e o código-rádio ESPC (Estágio de Seleção de Pilotos de Caça) que, até 1950, também em Santa Cruz, com aeronaves T-6 (Texan), se desincumbia de formar nossos Caçadores (em verdade selecionando-os para fazerem o curso no F-47).
O novo Esquadrão, agora denominado 2o Esquadrão do 5o Grupo de Aviação (2o/5o G.Av.) formou, até 7 de dezembro de 1956, as turmas de Aspirantes de 1953, 1954 e 1955. Nessa data por determinação ministerial, o 2o/5o G.Av. transferiu seu efetivo de pilotos e seu acervo de aviões para o 1o/4O G.Av. em Fortaleza (Ceará). Ao mesmo tempo, recebeu do 1o/4o G.Av. os aviões Doublas B-25 "Mitchel" que ali eram usados na instrução de bombardeio.
Mais uma vez a Caça deixou Natal e o código Pacau seguiu, definitivamente, para Fortaleza.
Após os B-25, o 2o/5o G.Av. iria operar as aeronaves de bombardeio Douglas B-26 (Invader), de transporte Morane Saulnier C-41 (Paris) e o treinador de transporte Beech TC-45T (conhecido por "muriçoca") até 1970, com a criação do Centro de Formação de Pilotos Militares (CFPM).
Em 1975, a Caça mais uma vez retornaria para Natal, quando foi ativado o Esquadrão Seta, que recebeu do 1o/4o G.Av. a missão de formar nossos Pilotos de Caça. O Esquadrão Seta, mercê de despreendimento e da dedicação de seus instrutores, conseguiu, a curto prazo, assumir com incontestável eficiência a tarefa, formando, em Natal, com aeronaves Embraer AT-26 (Xavante), as turmas de Aspirantes de 1974, 1975 e 1976.
Em 1979, a missão volta para o 1o/4o G.Av. e o Esquadrão Seta, que tão eficientemente cumprira a sua missão, é desativado, permanecendo em atividade em Natal o Esquadrão "Joker" que, até então, formara Pilotos de Ataque.
Em 20 de outubro de 1980, a Portaria 310/GM3 reativa o 5o G.Av. com os seus Esquadrões e, a partir de 1 de janeiro de 1981, o 2o/5o G.Av. é reativado com o efetivo do Esquadrão Joker, tendo por missão ministrar instrução básica de AT-26.
Em 1982, mediante uma estreita integração com o 1o/4o G.Av., o 2o/5o G.Av. é preparado para reassumir sua missão de formar os Caçadores da FAB.
Em 1983, o 2o/5o G.Av. volta a ser Unidade de Caça, incorporando e herdando todas as tradições trazidas de Santa Cruz e consolidadas em Natal por "Pacaus e "Setas".
II - A Origem da Bolacha e do Código-Rádio
Fiel ao espírito tradicionalista da Caça, o Esquadrão preserva o código-rádio "Joker" e reinstituiu como emblema o mesmo utilizado em Santa Cruz pelo 3o/1o Gp.Av.Ca. Esse emblema representa o instrutor (Avestruz) transmitindo ao Estagiário (Pinguim) as instruções e "dando" algumas "estrelas"...
Na realidade, o Avestruz é o velho Caçador da Itália ferido em combate e já usando um óculos de grau mas mesmo assim empenhado em transmitir seus conhecimentos para o espantado aluno. Quanto ao pinguim, logo no início, o 2o Esquadrão de Caça foi usado para instrução e sendo assim, a figura do pinguim daquele Esquadrão foi utilizada como sendo a do aluno.
Nota: Os alunos da Caça já foram tratados pelo carinhoso nome de "pinguins". Não se sabe exatamente a origem do termo. Sabe-se porém que, nos primórdios da aviação, costumava-se retirar as asas dos aviões e deixar os aprendizes manobrarem-nos no solo. Estes eficientes e desajeitados "simuladores" (com dois eixos de liberdade), eram denominados de "pinguins".
O código-rádio "joker" é remanescente dos códigos-rádio das esquadrilhas do 2o Esquadrão de Caça. Sendo "Pif-Paf" um jogo de cartas, as esquadrilhas deste esquadrão utilizavam os nomes de cartas de baralho (paus, copas, ouros, espadas, trunfos e curinga). Como se sabe, "joker" é a palavra "curinga" em inglês.