A INFOMÁTICA UTILIZADA EM BENEFÍCIO
DA AVIAÇÃO DE CAÇA
(Prêmio Pacau Magalhães-Motta, ano de 2006, 1º lugar)
RESUMO
Este trabalho traz como proposta a melhor utilização dos computadores e das redes cibernéticas da FAB. Mostra alguns meios simples pelos quais aproveitaremos melhor todos os recursos destas máquinas. Apesar da simplicidade e da facilidade de aplicação, a utilização destes irá resolver alguns grandes problemas enfrentados no dia-a-dia das Unidades Aéreas.
Começa com um histórico de onde e porque surgiu a informática, então descreve como ela evoluiu e quem foram os responsáveis por essa evolução até chegar aos dias atuais. E logo após insere a Força Aérea neste contexto.
Depois de ser descrita a situação atual será analisada a rotina de um Oficial da FAB, mais precisamente a de um Piloto de Caça. Assim vamos perceber alguns aspectos complicados do dia-a-dia do Oficial.
Chegaremos então aos motivos pelos quais devem ser pensadas algumas soluções para os problemas enfrentados. Veremos também que estas soluções são encontradas com a melhor utilização dos inúmeros recursos da informática.
O primeiro recurso a ser descrito será o software de planejamento de vôo. O qual torna mais rápido e facilita um planejamento. Porém este tipo de programa apresenta falhas, então iremos discutir a associação deste recurso ao uso do programa “Google Earth” para reduzir o problema da falta de atualização e de imprecisão de certas cartas de navegação.
Em seguida vamos tratar da implantação de uma nova doutrina para a utilização dos programas de correio eletrônico. Já vimos que a rotina de uma Unidade aérea é bastante corrida, com tantos serviços e com tantas viagens fica difícil a difusão da informação. Veremos que o uso de mensagens eletrônicas ajudará a resolver o problema da comunicação.
Associadas ao uso de mensagens eletrônicas, serão mostradas as vantagens do uso de uma rede cibernética, tanto para a comunicação, quanto pra o armazenamento de dados. Mais uma ferramenta que põe a informação ao alcance de todos com facilidade e rapidez.
Por fim concluiremos o trabalho mostrando a importância de não só adotar as soluções sugeridas, mas sim, pesquisar e desenvolver novas soluções. Verificaremos a importância de sermos os produtores da nossa própria tecnologia para assim obtermos a nossa independência intelectual.
CAPÍTULO 1
HISTÓRICO
O início da história dos computadores aconteceu na Roma antiga com a invenção do ábaco, um simples utensílio de calcular. No século XVII então a primeira considerada máquina de calcular foi desenvolvida por Wilhelm Schickard (1592-1635) o que deu início a uma série de aperfeiçoamentos desse dispositivo.
Em 1801, durante a revolução industrial francesa, foi inventado um tear mecânico controlado por grandes cartões perfurados, aparecendo aí a primeira forma de armazenamento de informação incorporada à uma máquina. Já em 1854 foi desenvolvida a lógica booleana pelo matemático inglês George Boole (1815-1864) onde os valores lógicos foram divididos em 0 e 1 ou falso e verdadeiro, o que passou a ser utilizado no desenvolvimento de novos equipamentos que resultaram mais tarde na invenção do primeiro computador da história, o Z-1.
Este computador, construído em 1936 pelo alemão Konrad Zuse (1910-1995), foi oferecido ao governo para uso militar, porém os nazistas não se interessaram pela máquina. Com a Segunda Guerra Mundial, os norte-americanos começaram a se interessar cada vez mais pelos computadores, até que a Marinha Americana em conjunto com a Universidade de Harvard e a IBM construiu em 1944 o MARK I, um gigante eletromagnético. O Exército norte-americano também desenvolveu o seu computador para calcular trajetórias de mísseis com mais precisão. A partir daí foram sendo aprimorados os componentes básicos do computador (hardware) e seus programas (software) ocasionando um rápido desenvolvimento da informática.
Este desenvolvimento ficou caracterizado e pode ser dividido em gerações de computadores. Cada geração apresentou uma melhora até chegar à otimização da máquina e à um maior grau de miniaturização, confiabilidade e velocidade. A quinta e última geração de que temos conhecimento se caracteriza pelo desenvolvimento da inteligência artificial e pela integração dos computadores em rede. A interconexão entre diversos computadores gerou uma supervia de informação a qual faz parte da nossa atual realidade.
Vendo como foi rápido o desenvolvimento da computação e sabendo da grande importância que a informática exerce em nossas vidas – hoje já é impossível imaginar um mundo sem computadores – verificamos a necessidade de estarmos atualizados em relação a esse assunto.
A Força Aérea Brasileira por sua vez inseriu-se nesse contexto ao informatizar suas Unidades e implantar a INTRAER(1), rede pela qual são tramitadas as principais informações do Comando da Aeronáutica. As Unidades da FAB já fazem uso dos computadores para executar uma boa parte dos serviços. Essa modernização foi levada também aos nossos aviões. Foram adquiridos novos equipamentos para aeronaves de Caça que agora carregam a bordo computadores que gerenciam os diversos sistemas de vôo e possibilitam também o uso de estações de planejamento de missões no solo.
Porém sabemos que ainda falta muito a ser descoberto. Pior que isso, ainda existe muita coisa que já foi descoberta mas não é utilizada, ou por não termos conhecimento suficiente ou por não termos o costume de usá-las. Não pode ser admitido que modernos recursos tecnológicos sejam ignorados. Surge aí a necessidade de voltarmos nossos olhos para as pesquisas e o desenvolvimento. Sabemos que hoje a maior potência do mundo está nesse lugar por que se interessa no desenvolvimento da tecnologia e sempre se coloca na vanguarda da produção do conhecimento.
Todos sabem que, cada vez mais, os computadores são capazes de inúmeras possibilidades. Assim sendo será dado início à exposição de alguns métodos que, apesar de simples, nos proporcionarão tirar mais proveito das maravilhas que a tecnologia pode oferecer. Veremos que não precisa de muito para começarmos a colocar a informática cada vez mais nas nossas vidas.
CAPÍTULO 2
ANÁLISE DOS FATOS
2.1 ANÁLISE GERAL
Sabendo-se que a rotina de um oficial da Força Aérea Brasileira é bastante atribulada e que o Piloto de Caça, além das atribuições normais de um oficial, tais como serviço de Oficial de Dia, serviço de OPO (Oficial de Permanência Operacional), chefia de seção, responsabilidade por sindicâncias e IPM (Inquéritos Policial Militar), o Caçador também desempenha inúmeras funções extras como serviço de Alerta de Defesa Aérea, serviço de oficial de C2 (Comando e Controle), etc... Tudo isso além de ser responsável sozinho pelo comando de aeronaves de alta performance em vôos que exigem o máximo de concentração.
Com isso verificamos a necessidade de desenvolver meios que possam facilitar e agilizar o trabalho destes militares. O objetivo disso é poupar energia em trabalhos burocráticos e planejamentos. Tudo isso com o intuito de direcionar melhor os esforços à atividade fim que é o vôo, já que é voando que garantimos a soberania do nosso espaço aéreo.
Um grande passo para atingir esse objetivo já foi dado com o desenvolvimento e a adoção da aeronave A-29 e a modernização do F-5. As quais incorporam computadores que possibilitam um vôo muito mais preciso e também mais tranqüilo. Porém não é esse tipo de solução que será abordada neste trabalho. Serão sugeridas soluções muito mais simples para melhorar a qualidade da atividade rotineira de um esquadrão.
Para que estas soluções sejam vantajosas, não podemos admitir que seja diminuído o padrão de qualidade exigido no trabalho. De nada adianta facilitar o planejamento de um vôo de ataque se este novo método não forneça informações seguras para que o piloto acompanhe a rota e não se perca. Este novo método proposto também deve oferecer, por exemplo, condições de cumprir um HSO (horário sobre o objetivo) com máxima precisão.
2.2 PROBLEMAS SUGERIDOS
Para iniciarmos o nosso estudo precisamos primeiramente identificar os principais problemas enfrentados pelos pilotos. Sabendo que estes problemas são vários e que estes variam de unidade para unidade, vamos comentar os que consideramos os principais. Sejam eles relacionados à área operacional ou à área administrativa.
Começamos citando a dificuldade enfrentada ao se planejar uma missão que exija vôo à baixa altura. O planejamento de uma missão que geralmente não passa muito de uma hora de duração pode levar muitas horas. Esse grande envolvimento desgasta a tripulação. Esse desgaste pode resultar na falta de atenção a itens importantes tanto do planejamento quanto do vôo, o que compromete a segurança.
Citamos também o problema enfrentado nas Unidades. É a dificuldade de comunicação entre os integrantes de um Esquadrão. Nem sempre todos estão presentes nas reuniões previstas. Pode-se dizer até mesmo que raramente a presença total acontece. Isso ocorre devido principalmente a vôos escalados e serviços. Sendo assim, alguns avisos importantes podem não chegar a certos interessados e certos procedimentos importantes deixam de ser cumpridos por desconhecimento da informação.
Partindo destas observações vamos então procurar nas possibilidades que a informática nos proporciona alguns meios pelos quais a utilização da tecnologia venha facilitar, além de tornar mais preciso o trabalho do Piloto de Caça.
CAPÍTULO 3
A UTILIZAÇÃO DE SOFTWARES DE PLANEJAMENTO
3.1 O PLANEJAMENTO DIGITAL
Para resolver o problema da demora e desgaste que resultam de um planejamento de missão, propõe-se a adoção de softwares de planejamento de vôo. A utilização destes softwares agiliza muito o planejamento. Estes programas geralmente já dispõem das informações necessárias de desempenho das aeronaves. Resta então ao piloto somente escolher a melhor rota a ser voada. Depois que esta rota é inserida no programa um simples comando faz com que os cálculos extremamente precisos de tempo, proa e combustível sejam feitos em instantes.
Assim sobra mais tempo para que as características do alvo sejam estudadas e para a identificação das possíveis ameaças. Fatores estes que são os que têm maior influência no sucesso da missão. De nada adianta executar uma missão se o alvo não foi corretamente atacado e também de nada adianta planejar uma missão cuja rota seja muito próxima de uma ameaça. Correríamos o risco de sermos abatidos antes mesmo de chegarmos perto dele.
Programas como o sugerido já existem, porém ainda não foram bem aceitos pelas Unidades Aéreas. Se este tipo de programa já existe, o que faz com que ele ainda não seja adotado em nossos esquadrões de caça? Um dos fatores que faz que alguns pilotos ainda relutem em usá-los é a falta de mapas digitalizados que apresentem bem os detalhes do terreno. Estes mapas, quando impressos, não apresentam a mesma qualidade das cartas WAC, CNAV, etc... As quais, apesar serem bastante defasadas da realidade – isso por, em sua maioria, terem sido atualizadas há mais de dez anos – ainda ilustram o terreno melhor que as cartas digitalizadas contidas na maioria dos programas.
Esta falta de precisão dificulta o acompanhamento da rota fazendo com que alguns pilotos prefiram “riscar” as cartas e efetuar todos os cálculos ao invés de correr o risco de fazer uma navegação com um mapa deficiente em detalhes.
Para resolver o problema da imprecisão dos mapas digitais, poderíamos utilizar o programa desenvolvido para as estações de planejamento do A-29 e do F-5 BR. Os quais utilizam mapas digitalizados iguais às CNAV e WAC. Porém esse software apresenta um novo problema do planejamento digital. Ele não é provido de formatação adequada à aviação de caça. Os “castelos” de navegação não correspondem aos previstos no MACAÇA (Manual da Aviação de Caça) e não podem ter sua formatação alterada pelo usuário. As linhas que traçam a rota são tão largas que, ao invés de ajudarem no acompanhamento da navegação, elas cobrem boa parte do terreno e assim impedem a visualização dos detalhes do mapa, impossibilitando um vôo preciso à baixa altura.
Pelo exposto acima verificamos a necessidade do aperfeiçoamento dos nossos softwares de planejamento. Ferramentas tão úteis não podem ser deixadas de lado problemas como estes. Mas também não basta o aperfeiçoamento dos programas, é preciso também que aulas sobre a sua utilização sejam incluídas no programa de instrução das Unidades Aéreas para que todos os caçadores saibam utiliza-lo.
3.2 A PRECISÃO DO “GOOGLE EARTH”
Em complemento à utilização dos softwares já citados podemos usar também uma ferramenta que ajuda a solucionar o problema da falta de precisão e de atualização dos mapas. Essa ferramenta é o programa “Google Earth”. Este programa é disponibilizado gratuitamente pela INTERNET(2) e pode ser baixado em minutos. Com ele é possível ver imagens satélite de toda superfície global. Estas imagens são tão precisas que, em determinadas regiões, é possível distinguir os carros nas ruas. Sendo assim o piloto pode verificar se no seu planejamento os acidentes no terreno e os pontos marcantes escolhidos como pontos de controle serão de fácil visualização. Além disso, ao ver a foto destes pontos marcantes o piloto pode saber com antecedência o que vai encontrar nos pontos de virada. Ele vai ter informações tais como a característica da vegetação e a existência ou não de construções nas proximidades por já ter visto a foto do local, detalhes estes que não são apresentados nas cartas aeronáuticas.
Em casos de aeronaves com sistema de navegação preciso como o A-29, o F-5 BR e o A-1, ainda é possível obter excelente precisão na navegação, já que este programa disponibiliza a coordenada geográfica exata do local e também a sua elevação (Anexo 1). Testes efetuados no 3o/3o G.Av. mostraram que coordenadas retiradas do mapa chegam a diferir em até um grau das obtidas no “Google Earth” e as elevações diferem em mais de trezentos pés, sendo que as informações obtidas por meio do referido programa mostraram-se sempre mais precisas, sempre com um erro menor que dez metros no terreno.
O uso de um software de planejamento adequado em conjunto com o programa “Google Earth” mostra-se então uma solução extremamente eficaz. Ela além de tornar o planejamento mais rápido e fácil, proporciona a maior exatidão das informações colhidas. Assim o piloto quando for voar não estará mais tão preocupado com a navegação. Ele poderá ter mais segurança e no planejamento da sua rota e terá ainda fresco em sua memória a imagem dos pontos pelos quais ele deve passar. Preocupar-se-á sim em evitar as ameaças do local e bem cumprir a sua missão.
CAPÍTULO 4
A TECNOLOGIA SOLUCIONANDO O PROBLEMA DA COMUNICAÇÃO
4.1 O USO DO CORREIO ELETRÔNICO
Para a solução do problema da comunicação será sugerida a implantação de uma nova doutrina de utilização do correio eletrônico. A comunicação via e-mail já foi adotada nas diversas Bases e Unidades Aéreas da FAB, porém verificamos que não são aproveitadas todas as possibilidades deste recurso. Temos bons exemplos de comunicação via eletrônica sendo utilizada na Força Aérea demonstrando alto grau de eficiência. Podemos citar a adoção do ICQ corporativo por parte das unidades da 3a Força Aérea (F.Ae.III), a utilização de websites(3) durante manobras como a CRUZEX(4) e PAMPA(5) entre outras e a utilização do sistema HÉCULES de comando e controle.
Para solucionar os problemas específicos de uma Unidade Aérea, os meios de comando e controle hoje utilizados na FAB podem ser ampliados para o uso em todos os níveis organizacionais da Força. A comunicação e envio de ordens entre um comandante e seus subordinados ou entre o setor de Operações e os pilotos (Comando) pode ser feita por via eletrônica. Com isso a fiscalização do cumprimento destas ordens (Controle) também pode ser facilitada.
Para isso basta que seja implantado na unidade a obrigatoriedade de verificação do correio eletrônico em substituição à responsabilidade de verificação diária de boletins, escalas de vôo, quadros de aviso e demais. Com tantas atribuições, por vezes fica difícil do militar dar conta de todas estas responsabilidades e por isso não é difícil que um procedimento destes seja esquecido.
Logo de início já percebemos a primeira vantagem desta proposta: em lugar de ter que procurar as informações em diversos lugares, estas seriam enviadas aos interessados e estariam concentradas em uma fonte única. Isso resulta na economia do tempo gasto pelo militar e evita que algum quadro ou escala não seja consultado. Outra vantagem da utilização do e-mail é que este meio facilita o controle.
As ordens, ao serem emitidas por via eletrônica, ficam registradas na caixa de saída do seu emissor, com isso este emissor não vai ter dúvida se enviou uma ordem ou pra quem ela foi enviada e também pode facilmente revisar seu conteúdo para checar, em caso de necessidade, se esta continha realmente todas as informações necessárias para o seu cumprimento.
Existe também a possibilidade do envio de mensagens com a propriedade de confirmação de recebimento ativada. Isso faz com que o emissor tenha uma confirmação imediata se a sua mensagem foi aberta e quando ela foi aberta restando apenas aguardar que o destinatário envie uma resposta informando o “feed back” do cumprimento da missão. O destinatário por sua vez não corre o risco de extraviar ou danificar o papel onde havia uma ordem escrita ou até mesmo de esquecer detalhes de uma ordem oral, já que tudo estaria registrado em um local de fácil acesso.
O fácil acesso é outra grande vantagem da comunicação eletrônica. Com ela o militar não precisa se deslocar do seu local de trabalho para verificar um quadro de avisos. Basta ter próximo de si um computador com acesso à INTRAER, o que pode ser conseguido até mesmo quando fora de sede em qualquer outra unidade da FAB. E por que não termos acesso a esses dados também em casa? Sabemos que algumas informações a serem enviadas não são de caráter ostensivo e, por isso, não podemos correr o risco de estas serem interceptadas por um Hacker.
Porém também sabemos que várias empresas conseguem um adequado grau de segurança na INTERNET. Basta olharmos o exemplo dos bancos que disponibilizam operações financeiras em casa mediante o uso de senhas especiais inseridas em teclados virtuais. Além destes, outras grandes empresas, como a PRETROBRÁS, disponibilizam aos seus funcionários o mesmo serviço aqui sugerido.
Nesta empresa o acesso em casa via INTERNET é liberado mediante o uso de uma senha especial indicada em um aparelho eletrônico de uso individual. Esta senha muda a cada hora, o que dificulta o acesso de “Hackers”. Se empresas do meio civil dispõem dessa tecnologia, por que as Forças Armadas, que são as maiores interessadas em segurança, não dispõem também? Ficaria bem mais fácil consultar uma escala de vôo desse modo.
A utilização de correio eletrônico também evita que alguém seja esquecido quando da divulgação da informação. Para isso basta que os destinatários sejam incluídos em grupos de envio. Por exemplo: ao ser digitado no campo de destinatário de e-mail o nome do grupo “Oficiais”, tem-se a garantia de que todos os oficiais vão receber a mensagem. Mesmo quem estiver em alguma missão, de serviço ou de férias vai tomar conhecimento da informação no primeiro contato com sua caixa de entrada.
Como exemplo da importância de tudo isso, podemos imaginar a divulgação de um novo Aviso Operacional ( AVOP). Em nosso exemplo esse aviso diz respeito a um novo procedimento que deve ser de conhecimento de todos os pilotos de uma unidade aérea e cuja inobservância poderia afetar a segurança de vôo.
Na primeira oportunidade após a confecção deste aviso, em reunião com os oficiais, o S-3 – como é chamado o chefe do setor de operações de uma Unidade Aérea - informa a todos os presentes que existe um novo AVOP, explica do que se trata e tira algumas dúvidas sobre o novo procedimento. Logo após esta reunião o S-3, sabendo que nem todos estavam presentes, resolve enviar um e-mail ao grupo “Pilotos” para evitar que alguém não seja avisado.
Depois disso, lembrando que houve dúvidas na reunião, ele abre a sua caixa de saída e, ao reler a mensagem enviada, verifica que a ela pode ser acrescida de mais algumas informações que evitariam estas dúvidas. As informações adicionais são produzidas e enviadas a todos.
Alguns dias mais tarde o S-3 verifica que ainda não recebeu a confirmação de leitura de alguns pilotos, então determina que estes somente sejam escalados para o vôo depois que estiverem cientes das ordens em vigor. Depois de mais alguns dias o Ten. Fulano chega de férias e, logo após ter se apresentado novamente para o serviço, ele abre sua caixa de e-mail. Mesmo não tendo sido avisado que existia um novo procedimento, ele toma conhecimento deste e já esta pronto para executá-lo. Passado ainda mais um tempo o Ten. Beltrano, que ficou por duas semanas afastado do vôo por estar envolvido com uma sindicância, assume o serviço de Alerta de Defesa Aérea e lembra que havia um procedimento novo, porém não lembra bem o que havia sido padronizado.Então o Ten. Beltrano acessa o seu e-mail a partir do computador localizado no local onde ele tira seu alerta e lê novamente a mensagem. Assim o Ten. Beltrano pode assumir o seu serviço sem correr nenhum risco. Passada mais uma semana, chega ao esquadrão um novo piloto transferido. Assim que é criada a sua conta de e-mail todas as mensagens que estavam arquivadas nas caixas de saída dos diversos setores são encaminhadas a ele com um simples clique do “mouse”. Com isso constata-se a facilidade, a rapidez e a confiabilidade do uso desse meio de comunicação.
As mensagens eletrônicas também possibilitam a redução de gastos com papel além de facilitar o arquivamento de documentos. Essa facilidade nos sugere uma outra proposta. A da utilização de redes cibernéticas para o trâmite e armazenamento de informação.
4.2 REDE DE COMPUTADORES
Hoje em dia não há mais motivo para querermos gastar nem papel nem espaço para o armazenamento de documentos.
Não há mais necessidade de imprimirmos manuais, partes, ofícios, etc... Até por que estes estão em constante mudança. Cada vez que um documento muda muito papel é jogado fora para ser substituído por mais papel. Todos os documentos podem ser arquivados e atualizados em mídia(6) . Milhares de páginas podem ser arquivadas em um único CD, o que economiza espaço e facilita a mobilidade e o acesso.
Em uma manobra os esquadrões podem levar todos os mapas, manuais e documentos necessários na memória de computadores portáteis. Uma pasta de arquivos padrão denominada “Manobras Operacionais” pode ser salva em um computador, CD ou "pen drive(7)" contendo todos os arquivos necessários, o que diminui o volume e facilita o transporte, além de evitar o esquecimento de algo importante. Computadores ligados em rede podem acessar informações á distância. Um bom exemplo disso são os websites disponibilizados na INTRAER. Neles os usuários têm acesso a todos os regulamentos em vigor, os quais são atualizados na mesma data da efetivação de suas mudanças.
Para que imprimir, por exemplo, uma ordem de operações se ela pode ser carregada em um pequeno "pen drive" ou até consultada via INTRAER ou na rede específica da manobra? A leitura de arquivos em mídia, apesar de ser evitada por usuários mais resistentes, facilita em muito a vida do leitor. Um bom exemplo é que encontrar algo em um texto ficou bem mais simples. Em que parte mesmo desta Ordem de Operações estava escrito o procedimento X? Basta usar o recurso de procura dos editores eletrônicos para encontrar uma palavra ou assunto desejado.
CAPÍTULO 5
CONCLUSÃO
À primeira vista parece que o mais adequado para a solução dos problemas apresentados seja a simples adoção dos softwares e demais dispositivos sugeridos. Até mesmo por que isso seria muito fácil uma vez que a FAB já dispõe de muitos deles. Porém, uma visão mais crítica levando em consideração a segurança das informações e a soberania intelectual e tecnológica brasileira nos faz chegar à conclusão de que não basta adquirirmos equipamentos já prontos. Precisamos formar pensadores e desenvolver nossa própria tecnologia. É sabido que hoje as maiores potências são aquelas que dominam e produzem o conhecimento e a tecnologia. O domínio da informação é importante não só na área de defesa, mas também na área econômica.
Para ditar o ritmo da economia não basta ser um país rico em petróleo, rico em minérios, ou dono da floresta com a maior biodiversidade do mundo. É preciso produzir e dominar o conhecimento, a tecnologia. Já na área militar podemos verificar que existem países que produzem equipamentos, doutrinas, táticas e técnicas. Por outro lado, países menos desenvolvidos limitam-se em copiar estas inovações. Sendo assim verificamos que, além de ser importante para a segurança das informações, também é importante para a soberania do nosso país desenvolver novas tecnologias. Não basta comprar tudo pronto ou copiar os outros. Isso é viver sempre um passo atrás da atualidade.
Com isso, este trabalho propõe que os softwares de planejamento sugeridos além de serem adotados por nossas Unidades, também sejam feitos por membros da própria FAB. As redes de comunicação devem ser utilizadas, porém devem ser construídas e mantidas com programas nacionais. Tudo isso para um dia sermos referência mundial. Os Esquadrões da FAB podem ser de bastante utilidade neste trabalho, já que é neles que são sentidas as principais necessidades. A época de paz é a hora de estudarmos, criticarmos e desenvolvermos novidades para que soluções sejam testadas e aprimoradas. A época de paz é a hora certa de nos prepararmos para a guerra e esta preparação somente é possível com muito estudo e com novas invenções que surpreendam o inimigo. Assim também passaremos um dia da posição de consumidores para nos tornarmos produtores de tecnologia.
Herdamos o legado dos pilotos de caça que combateram na Itália. Assim como eles hoje nós operamos as mais modernas máquinas de nossa época. Sendo assim temos a obrigação de procurarmos os mais modernos meios para bem desempenharmos nossa função.
ANEXO No 1
Fig. 1 – VISTA DA BASE AÉREA DE CAMPO GRANDE
Este é um exemplo de Imagem obtida por meio do programa “Google Earth”. Observe que no rodapé é indicada a coordenada exata e a elevação exata da área da construção do hangar do 3o/3o G.Av. na Base aérea de Campo Grande além de detalhes como a presença de várias aeronaves no pátio de estacionamento. Agora imagine ter uma imagem assim de todos os pontos de controle de uma rota.
1o Ten.Av. Felipe Bombarda Guedes
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Comando da Aeronáutica. Estado-Maior da Aeronáutica. Doutrina Básica da Força Aérea Brasileira. Brasília, 2005. (DCA 1-1)
BRASIL. Comando da Aeronáutica. Terceira Força Aérea. Manual da Aviação de Caça. Brasília, 2003.
Google Earth. Disponível em: 'http://earth.google.com'
Wikipedia, a enciclopédia livre. Disponível em: 'http://www.wikipedia.org'