Luiz Lopes DORNELLES - 1º Tenente Aviador
* 09/06/1920 (São Paulo, SP) - † 26/04/1945 (Alessandria, Itália)

 

veteranos 45 santos

Família:

Filho de Argemiro Dornelles e Idília Lopes Dornelles. Seu irmão Oly Lopes Dornelles foi oficial do Exército Brasileiro chegando ao posto de Coronel. 

Antecedentes: 

Aspirante a Oficial da turma de 1942.  

Na guerra:

Exerceu a função de Piloto de Combate da Esquadrilha Amarela com o código B4. Realizou 89 missões de combate, a primeira em 11/11/1944 e a última em 26/04/1945. Na sua 89ª missão, em 26/04/1945, foi fatalmente abatido pela flak inimiga - nove dias antes do término da guerra - na cidade de Alessandria, Itália.

Citações de Condecorações Recebidas

Cruz de Bravura e Cruz de Sangue
O Capitão-Aviador LUIZ LOPES DORNELLES, em 26 de abril de 1945, comandava uma esquadrilha cuja missão era executar um reconhecimento armado na área de Turim - Milão. Ao passar ao sul de Alessandria, foi avistada uma composição inimiga. O ataque à mesma foi imediatamente iniciado apesar do intenso fogo antiaéreo desencadeado, o qual atingiu o avião do então Tenente Dornelles, que não pode recuperar, indo chocar-se violentamente contra o solo, explodindo. Aparentemente o piloto foi mortalmente atingido pelo intenso fogo das armas de calibre 20mm. O referido oficial demonstrou, ao completar 89 missões de guerra no teatro de operações da Itália, um valor sem limites, grande zelo no cumprimento do dever e inexcedível espírito de agressividade. Na missão em que deu a sua vida em holocausto à Pátria, mais uma vez foram demonstrados os magníficos dotes que caracterizavam sua personalidade, realçadas por excepcional bravura, coragem e determinação.
Distinguished Flying Cross
"Por extraordinário desempenho quando participando de uma formação aérea como piloto de um P-47 em 6 de fevereiro de 1945. O Tenente Dornelles voava numa formação desginada para atacar uma ponte de estrada de ferro de vital importância para o inimigo. De uma navegação perfeita resultou em rápida localização o objetivo a despeito do mau tempo e da pouca visibilidade. Intenso fogo antiaéreo foi encontrado, tendo sido seu avião atingido várias vezes. Manobrando habilmente pode o Tenente Dornelles completar o bombardeio conseguindo, junto com seus companheiros, inutilizar uma das cabeceiras da ponte. Apesar das condições defeituosas de seu avião decidiu continuar no ataque à baixa altura tendo danificado e destruído juntamente com os outros componentes da esquadrilha inúmeros veículos e equipamentos na vizinhança do alvo. Sua coragem indômita, seu sangue frio ante o perigo e habilidade profissional refletem grande crédito sobre si mesmo bem como para as Forças Armadas das Nações Aliadas."
(a) Thomas M. Lowe - Brigadier General, U.S.A.
Air Medal
General Order 14 de 19/02/1945

"Por ação meritória quando participava de uma missão aérea em operações contra o inimigo como piloto de um P-47. Em 14 de dezembro de 1944 o Tenente Dornelles voou como líder de elemento na segunda seção de uma esquadrilha de oito aeronaves designadas para cortar uma vital linha férrea inimiga entre as cidades de ***** e *****. Ao chegar ao alvo a formação encontrou antiaérea tão pesada e precisa que um avião foi severamente danificado. Desprezando qualquer perigo pessoal o Tenente Dornelles executou um preciso bombardeio conseguindo dois impactos diretos na linha férrea com suas duas bombas de 500 libras, cortante esta importante artéria de suprimentos. A técnica e detreminação mostradas pelo Tenente Dornelles nesta missão refletem grande crédito para si mesmo bem como para as Forças Armadas das Nações Aliadas."
(a) Thomas M. Lowe - Brigadier General, USA.
Air Medal - 1º Cluster
"Por atuação meritória durante a participação em um voo como piloto de um aviao do tipo P-47. Em 27 de janeiro de 1945 o Tenente Dornelles voou numa formação de oito aviões designada para bombardear uma importante ponte de estrada de ferro no norte da Itália. Embora o teto fosse baixo, a visibilidade limitada e o fogo antiaéreo do inimigo fosse contínuo durante toda a rota, dez uma navegação precisa até a localização com sucesso do objetivo e um bombardeio com oito impactos diretos que destruíram completamente a citada ponte. O Tenente Dornelles conseguiu, pessoalmente, dois impactos diretos. Regressando à base a esquadrilha efetuou audaciosos ataques rasantes naquelas vizinhanças causando considerável dano a numerosos veículos inimigos. As características de habilidade profissional e agressividade do Tenente Dornelles asseguraram o sucesso de muitas missões e suas ações refletem grande crédito sobre sua pessoa e sobre as Forças Armadas das Nações Aliadas."
(a) Thomas M. Lowe - Brigadier General, U.S.A.
Air Medal - 2º Cluster
"Por honrosa atuação como piloto integrante de uma esquadrilha de aviões P-47 em 27 de fevereiro de 1945. O Tenente Dornelles voou em uma formação de oito aviões destinada a bombardear uma ponte de estrada de ferro inimiga extremamente importante bem no interior do território inimigo. Apesar da limitada visibilidade e grande intensidade de fogo antiaéreo durante o bombardeio, o Tenente Dornelles conseguiu impactos diretos na ponte. Ao regressar à base, a formação efetuou um reconhecimento em voo baixo sobre o território em poder do inimigo e efetuou ataques rasantes a várias posições camufladas que continham munição das quais uma explodiu com tal violência que causou severos danos nos aviões atacantes. O Tenente Dornelles pessoalmente foi o responsável pela destruição de duas das instalações contendo explosivos. Sua coragem, ação e capacidade profissional trazem grande merecimento para si e para as Forças Armadas das Nações Aliadas."
(a) Thomas M. Lowe - Brigadier General, U.S.A.
Air Medal - 3º Cluster
General Order 63 de 07/06/1945

"Por desempenho extraordinário quando participava de uma missão aérea como piloto de um P-47. Em 7 de abril de 1945 o Tenente Dornelles voava numa formação de oito aviões designados para bombardear importantes instalações inimigas do norte da Itália. Chegando sobre o alvo todos os elementos da formação executaram bombardeios precisos apesar do fogo antiaéreo inimigo, seguindo-se repetidos passes a baixa altura para metralhamento do objetivo. Uma barraca-depósito foi destruída e cinco outras ficaram incendiadas como resultado deste devastador ataque. Continuando, foi descoberto e atacado um bem camuflado depósito de munição, sendo todas destruídas pelo foto. O Tenente Dornelles contribuiu grandemente para o sucesso dessa missão graças à sua perícia e precisão no bombardeio e no ataque a metralhadoras. Sua coragem, valor e determinação refletem grande crédito para si e para as Forças Armadas das Nações Aliadas."
(a) Thomas M. Lowe - Brigadier General, U.S.A. 

No pós-guerra: 

Seus restos mortais hoje repousam no Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundialno Rio de Janeiro, RJ.

Promoções:  

30/09/1942 Aspirante Aviador
10/05/1943 2º Tenente Aviador
27/11/1944 1º Tenente Aviador
11/06/1945 Capitão Aviador (Post Mortem)
06/08/1958 Major Aviador (Post Mortem)

Condecorações: 

Ordem do Mérito Aeronáutico - Cavaleiro
med cruz bravura Cruz de Bravura
Cruz de Sangue
med cruz aviacao a Cruz de Aviação Fita 'A'
Cruz de Aviação Fita 'B'
med campanha italia Medalha da Campanha da Itália
Medalha da Campanha do Atlântico Sul
med puc Presidential Unit Citation (EUA)
med dfc usa Distinguished Flying Cross (EUA)
med air medal usa Air Medal (EUA)

 

Dornelles

(Pelo Maj.-Brig.-Ref. Rui Barbosa Moreira Lima)
 
Dornelles ingressou na Escola Militar do Realengo em 1939. Disputou o primeiro lugar na turma desde o início do curso. Estudioso e moleque. Foi para os Afonsos mantendo os êxitos da Escola Militar. Completou os estágios de vôo sem nenhuma alteração: o "bom" na pilotagem... Declarado Aspirante, foi servir em Natal quando apresentou-se como voluntário para o 1o Grupo de Caça.
 
No Panamá, distinguiu-se no tiro terrestre e formou na vanguarda dos melhores no tiro aéreo. Voou na Esquadrilha Amarela (YELLOW FLIGHT) do Capitão Joel Miranda. Seu ala era Motta Paes. Como eram colegas de turma e de classificação muito próxima, tinham lá suas "turras" particulares. Ninguém podia entrar no detalhe de suas brigas; primeiro porque eram amigos fraternos, segundo o Motta Paes só abria a boca para dizer "bom dia", e assim mesmo se nesse dia estivesse com a veia de "educação de menina do Sion". Dornelles era baixinho, forte, bem apessoado, grosso no tratamento, até mesmo com os amigos mais íntimos; porém escondia, atrás de tudo isso, um "coração de pomba". - "sou boçal mesmo, e daí?"- frase usada com frequência pelo "Picão Martelo", o apelido do Realengo. Durante o treinamento nos Estados Unidos, fez nome em alguns "night clubs" de Nova York pelas gorjetas que dava.

Falar sobre o sucesso que o "baixinho" Dornelles alcançou com o P-47 durante a fase de treinamento em Suffolk, seria redundante. Continuou a ser "o bom", concorrendo na YELLOW com o Medeiros, ao título de "mais combativo". Tinha, além da habilidade na execução das missões de Caça, um espírito de luta acima do normal. Assim chegou à Itália. A Esquadrilha AMARELA, do Cap. Joel Miranda, logo se distinguiu das demais pelo arrojo de seu líder. Conseguiu incutir nos pilotos uma vontade de combater tão grande, que mal se comparando, se transformaram em verdadeiros "kamikazes" do 1o Grupo de Caça. Pagaram preço alto. A Amarela deixou de existir a partir de fevereiro de 1945: foram quase todos abatidos e afastados de voo.
 
A perda de Dornelles foi uma brutal injustiça. Morreu voando a missão 89, atacando uma locomotiva em Alessandria. Destacou-se com o destemor de sempre. Seus ataques mortíferos davam a impressão de que queria conferir o resultado na hora. Sempre que o alvo era um depósito de munição, Dornelles entrava na explosão, trazendo as marcas dos estilhaços no corpo de seu P-47. Sua audácia ia além do normal, relegando o instinto de conservação no calor do combate. Como alguns pilotos do Grupo, só avisava que fora atingido quando seu avião estava em situação de perigo. Medo era palavra que não constava no seu dicionário. O "baixinho" Dornelles tinha ânimo sereno e equilibrado, competente e hábil, acreditando na causa que defendia e, ao mesmo tempo, mortificado por ter que fazer aquilo, daquela forma. E que aviador era Dornelles! Piloto de Caça fora de série, do mesmo tipo do Diomar Menezes, Limatão, Torres e Meirinha. Aviador nato. Nada de "firulas", nada de presepadas, nem mesmo qualquer esforço para fazer as coisas com perfeição. Aquilo estava no sangue. No voo era tranquilo . Tranquilidade de quem sabe quanto pode e não acha vantagem em poder, porque aquilo era natural, era assim mesmo. Ele era bom... enxergava tudo!

Foi condecorado com a Cruz de Sangue, Cruz de Bravura, Cruz de Aviação Fita A e B, Medalha da Campanha da Itália, Distinguished Flying Cross, Air Medal - 3 clusters e 4 citações em combate.

Foi promovido "post mortem" a Capitão Aviador.

Dornelles ficou em Pistóia...

Nota do administrador do site

O Ten. Dornelles faleceu em combate no dia 26 de abril de 1945. Seu P-47 Thunderbolt foi atingido pela antiaérea alemã quando atacava um comboio de locomotivas carregadas de munições e armamentos alemães, em Alessandria. Seus restos mortais estão no Monumento aos Mortos na Segunda Guerra Mundial, no Rio de Janeiro (RJ).

Em 25/04/2019 a cidade de Alessandria, na Itália, prestou homenagem ao Cap. Dornelles, durante as comemorações do aniversário de 850 anos da cidade italiana e dos 74 anos da Libertação da Itália, comemorada nessa quarta-feira (25).

No decorrer da cerimônia, o Embaixador do Brasil na Itália, Antonio de Aguiar Patriota, descerrou a lápide, coberta pela Bandeira Nacional Brasileira, em homenagem à Força Aérea Brasileira (FAB) e ao Cap. Dornelles. A lápide foi colocada na parede da Escola Liceo Científico Galileu Galilei, localizada a poucos metros de onde o avião P-47 Thunderbolt, pilotado pelo Ten. Dornelles, se chocou, após ser atingido pela antiaérea alemã.

O Adido de Defesa e Aeronáutico do Brasil na Itália e Eslovênia, Coronel Aviador Reginaldo Pontirolli, salientou que a homenagem prestada ao Cap. Dornelles é extensiva a todos os combatentes, brasileiros e italianos, que sacrificaram suas vidas pelo supremo ideal de liberdade. “Essa homenagem liga, indelevelmente, os povos do Brasil e da Itália, aumentando a sinergia que já é tão peculiar entre esses dois povos irmãos”, afirmou.