João Maurício Campo de MEDEIROS - 2º Tenente Aviador
* 15/04/1921 (Rio de Janeiro, RJ) - † 02/01/1945 (Alessandria, Itália)
Família:
Filho de Maurício de Medeiros e Marianna Isabel da Silva Lobo.
Antecedentes:
Aspirante a Oficial da turma de 1942.
Na guerra:
Exerceu a função de Piloto de Combate da Esquadrilha Amarela com o código B5. Realizou 32 missões de combate, a primeira em 11/11/1944 e a última em 02/01/1945. Na sua 32ª missão, em 02/01/1945 foi atingido pela flak próximo a cidade de Alessandria, Itália. Tentou ainda alcançar uma altura suficiente para saltar de pára-quedas, o que logrou com sucesso. Após saltar, entretanto, o vento levou-o para próximo a uma linha de alta tensão e por mais que ele fizesse para se livrar, chocou-se com os fios tendo morte instantânea. O falecimento de Medeiros era totalmente desconhecido pelo Comando do Grupo, uma vez que ele havia sido visto descendo em perfeita condição. Após a guerra, um dos grupos de busca aos mortos e abatidos do GAvCa encontrou sua sepultura, e foi nesse momento que se soube exatamente o que havia ocorrido.
Citações de Condecorações Recebidas
Cruz de Bravura e Cruz de Sangue
O Capitão-Aviador JOÃO MAURÍCIO CAMPOS DE MEDEIROS, em 2 de janeiro de 1945, fazia parte de uma esquadrilha cuja missão era executar um reconhecimento armado na área Genova - Turim - Milão - Bergamo - Brescia - La Spezia. Nas proximidades de Alessandria foi avistada uma composição de estrada de ferro a qual foi imediatamente atacada. Ao se aproximar do objetivo foi a esquadrilha recebida por intenso fogo de artilharia antiaérea, atingindo em cheio o avião do então Tenente Medeiros o qual foi imediatamente presa da chama, indo explodir de encontro ao solo, ocasionando a morte do piloto. O referido oficial demonstrou durante as suas 32 missões de guerra excepcionais qualidades de piloto militar, grande coragem e muita bravura, concorrendo com o seu grande zelo o cumprimento do dever e para ter o 1º Grupo de Caça alcançado o renome que ostenta. O Capitão Medeiros pelas provas que deu torna-se merecedor da eterna gratidão da Pátria.
Air Medal
General Order 14 de 19/02/1945
"Por ação meritória quando participava de uma missão aérea em operações contra o inimigo como piloto de um P-47. Em 18 de dezembro de 1944 o Tenente Medeiros voou como ala do líder em uma formação de oito aviões designada para cortar importantes linhas férreas inimigas entre ***** e *****, Itália. Na chegada ao alvo a formação foi liderada, face a pesada e acurada antiaérea, a um preciso bombardeio resultando na total destruição da ponte ferroviária e de numerosos cortes nos trilhos. O Tenente Medeiros pessoalmente conseguiu um impacto direto nas linhas férreas, danificandp-as. Em posterior demonstração de agressividade a formação buscou alvos de oportunidade nas vizinhanças. Uma locomotiva e oito vagões foram atacados. Nas proximidades, outros oito vagões-plataforma carregados de suprimentos foram atacados e danificados. Ainda adiante, oito vagões-tanque foram danificados, o Tenente Medeiros participando na destruição deste vital conjunto de peças ferroviárias. Sua coragem, sua agressividade e prontidão para o combate refletem grande crédito para si mesmo bem como para as Forças Armadas das Nações Aliadas."
(a) Thomas M. Lowe - Brigadier General, USA.
Air Medal - 1º Cluster
General Order 63 de 07/06/1945
"Por ação meritória quando participava de uma missão aérea como piloto de um P-47. Em 1º de janeiro de 1945 o Tenente Medeiros voava na segunda seção de uma formação de oito aviões designados para bombardear um grande desvio ferroviário de importância vital para o inimigo no norte da Itália. Devido a navegação bem executada a formação foi conduzida ao alvo onde, por cauxa do intenso fogo antiaéreo, o Tenente Medeiro executou um mergulho sem erros, conseguindo impactos diretos sobre os trilhos com suas bombas de 500 libras. O restante da formação acertou seis outros impactos diretos sobre o alvo e vários nas proximidades. Quando retornava à base a formação executou voo de reconhecimento a baixa altura para colher informações sobre os movimentos do inimigo. A perícia, coragem e determinação do Tenente Medeiros demonstrada nessa missão refletem grande crédito para si mesmo bem como para as Forças Armadas das Nações Aliadas."
(a) Thomas M. Lowe - Brigadier General, USA.
No pós-guerra:
Promovido a Capitão post-mortem. Seus restos mortais hoje repousam no Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial no Rio de Janeiro, RJ.
Promoções:
23/08/1943 | Aspirante Aviador |
22/04/1944 | 2º Tenente Aviador |
20/08/1945 | 1º Tenente Aviador |
11/07/1947 | Capitão Aviador |
20/08/1951 | Major Aviador |
20/01/1958 | Tenente Coronel Aviador |
10/07/1963 | Coronel Aviador |
Condecorações:
Ordem do Mérito Aeronáutico - Cavaleiro | |
Cruz de Bravura | |
Cruz de Sangue | |
Cruz de Aviação Fita 'A' | |
Cruz de Aviação Fita 'B' | |
Medalha da Campanha da Itália | |
Medalha da Campanha do Atlântico Sul | |
Presidential Unit Citation (EUA) | |
Distinguished Flying Cross (EUA) | |
Air Medal (EUA) |
Boulanger
Conhecido como "Boulanger", nasceu no Rio de Janeiro em 15 de Abril de 1921. O apelido lhe vem de Cabo Frio quando andava pelos 15 anos e manteve uma transa com o pessoal feminino de uma padaria (boulangerie) local e que terminou em uma corrida noturna até o Rio. Ainda criança, foi viver em Paris, onde completou o primário retornando ao Brasil com 10 anos. Escolheu a agronomia como profissão, tendo cursado até o 2o ano. Ao tomar conhecimento da criação do Ministério da Aeronáutica (20 Janeiro de 1941) veio para o Rio tratar de seu ingresso na Escola de Aeronáutica dos Afonsos. Seu curso foi brilhante, destacando-se na pilotagem como um dos melhores da turma. Por seu mérito, foi escolhido como instrutor de voo quando saiu Aspirante Aviador.
No dia 2 Janeiro de 1945, voando na ala do Dornelles, ao atacar uma locomotiva na estação de Alessandria, seu P-47 foi atingido mortalmente. Estava baixo mas, em uma fração de segundos, abandonou o aparelho. Antes do salto, ainda teve tempo de comunicar aos companheiros que iria deixar a aeronave. Não havendo tempo nem altura suficiente para desviar o paraquedas dos fios de alta tensão, veio a chocar-se com os mesmos, sendo eletrocutado instantaneamente. A confirmação de sua morte, só a tivemos depois da Guerra. Ninguém da sua esquadrilha percebeu o detalhe do choque com fios de alta tensão. Para todos, o Medeiros estava salvo, indo passar o resto da Guerra em um Campo de Concentração.
Morreu lutando... Seu nome hoje engalana o Centro de Civismo da Escola Supletiva Cantagalo, no Rio de Janeiro.