Oldegard Olsen SAPUCAIA - 2º Tenente Aviador
* 09/06/1924 (Rio Negrinho, SC) - † 07/11/1944 (Tarquínia, Itália)

 

veteranos 45 santos

Família:

Filho de Alfredo Gomes Sapucaia e Elvira Sapucaia. Seu pai era General Médico. Tinha cinco irmãos: Orlando, Djalma, Glicia, Almir e Dirce. 

Antecedentes: 

Aspirante a Oficial da turma de 1942. Era instrutor na Escola de Aeronáutica quando se voluntariou para o 1º GAvCa. 

Na guerra:

Exerceu a função de Piloto de Combate da Esquadrilha Vermelha.

"No dia 7 de novembro o Ten. Oldegard foi escalado para um voo de treinamento em volta de nossa base com o Ten. Rittmeister. Momentos antes do acidente o Ten. Rittmeister voava como líder e o Ten. Oldegard como seu ala. O líder fez um piquê, partindo de 10 mil pés e recuperou-o a 4 mil. Momentos depois olhou para trás e ainda viu o avião do Ten. Oldegard em curva e perto dele (100 metros), chamou-o pelo rádio para trocarem de posição e não obteve resposta. Começou a procurá-lo e a chamá-lo pelo rádio, sem obter resposta alguma. O Ten. Rittmeister julgou-o perdido de vista e veio para o campo, onde certificou-se de que ele ainda não havia aterrado. Decolou momentos depois e ao sobrevoar o local viu o avião completamente destroçado no solo. Em seguida mandei o médico com a ambulância ao local recolher o corpo e fazer as averiguações necessárias. Chegamos à conclusão de que houve uma falha mecãnica e ele entrou em estol de alta velocidade ao fechar a curva de recuperação.

O Ten. Oldegard era um excelente piloto, muito calmo e muito disciplinado. Sua morte causou muita tristeza por se tratar de um elemento altamente estimado entre os oficiais e soldados. Dia 8 foi feita a cerimônia militar e o encomendamento de sua alma, no cemitério militar americano desta vila, sem contudo ser enterrado nesse cemitério.

No dia seguinte o seu corpo foi removido para o cemitério dos aliados em Vada, onde foi enterrado. Foi escolhido esse local por ser mais fácil, depois da guerra, remover suas cinzas para a Pátria. Ademais, é o lugar onde estão sendo sepultados os brasileiros da Força Expedicionária Brasileira.

(Nero Moura, em carta ao Ten. Cel. Faria Lima datada de 20/11/1944)

Dois dias depois foi recebida uma ordem técnica da Republic Aviation recomendando a não execução de derrapagens com os P-47D com canopy bolha até que uma quilha dorsal fosse instalada na aeronave. Infelizmente a informação chegou tarde para Oldegard.

   

No pós-guerra: 

Seus restos mortais hoje repousam no Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundialno Rio de Janeiro, RJ.

Promoções:  

30/09/1942 Aspirante Aviador
10/05/1943 2º Tenente Aviador

Condecorações: 

Cruz de Sangue
med campanha italia Medalha da Campanha da Itália
med puc Presidential Unit Citation (EUA)

 

Os Comandos Trancaram e o P-47 Foi Direto Ao Chão 

(pelo Maj. Brig. Ref. Rui Barbosa Moreira Lima)
 
Oldegard era o caçula da Turma de Aspirantes de 1942 da Escola de Aeronáutica do Campo dos Afonsos. Não havia atingido ainda os 20 anos. Ao ganhar sua estrela de Aspirante a Oficial Aviador, foi selecionado para instrutor na Escola de Aeronáutica de Aeronáutica, onde fora aluno aplicado. Muitos de seus alunos tinham mais idade do que ele. Veio a 2ª Grande Guerra. Como não podia deixar de acontecer, Oldegard foi um dos voluntários. Antes de seguir para Aguadulce, Panamá, fez rápido estágio em aviões P-40 na Base Aérea do Recife. Em Aguadulce, marcou posição por vários motivos sendo o principal, sua habilidade como piloto. Era magrinho, porém rijo. Fazia toda sorte de exercícios e jogos. A adaptação de Oldegard ao ao avião P-47 foi outro sucesso. Apesar de seu tamanho e peso, o avião parecia uma pluma nas mãos daquele piloto extraordinário.

Vou narrar aqui um caso havido como um dos nossos instrutores que tem relação direta com a perda do Oldegard na Itália, utilizando o tipo mais novo da família "Thunderbolt", o P-47 modelo D-30. Essa aeronave sofreu modificações na capota e na quilha que ligava o leme de direção à nacele do piloto. A capota foi substituída por uma bolha de plástico, como se fosse a metade de um ovo de Páscoa e a quilha foi retirada definitivamente. Tal alteração produziu um defeito na aerodinâmica do avião, tornando-o perigoso em manobras onde houvesse necessidade de "cruzar os comandos". Chegado a Tarquínia, Itália em 7 de Outubro de 1944., cada piloto recebeu seu avião, com ordens de voar por 5 horas tendo como finalidade a adaptação ao novo modelo, e também para reconhecimento da zona do interior (espaço aéreo que tem como limite máximo a Linha de Frente). O avião saía a plena carga, como se fosse uma missão de combate. Nesse dia, Oldegard decolou para cumprir esse tipo de missão. Até aquele dia o 1o Grupo de Caça não havia recebido a ordem de proibição de manobras da nova série. Oldegard foi vitima indefesa da burocracia, pois ao recuperar após o tiro, em uma surtida(1) de adaptação, simulou manobra evasiva, comandando uma derrapagem. Os comandos do P-47 "trancaram" e o avião foi direto ao chão. Oldegard decidiu-se pelo abandono do avião. Ninguém sabe como, mas arranjou tempo para tentar um salto de paraquedas a qualquer risco. O paraquedas, sem a altura suficiente, não abriu indo nosso piloto chocar-se com o solo, perdendo a vida instantaneamente. Dois dias após, a manutenção do Grupo recebia a modificação da ordem técnica, limitando as manobras.

O nome Oldegard Olsen Sapucaia já está na História. Dá nome a ruas, praças e escolas em diversas Cidades do Brasil.

Adelphi!