Fernando de Barros MORGADO - Aspirante Aviador da Reserva Convocado
* 17/10/1922 (Taubaté, SP) - † 01/07/1955 (Assunción, Paraguai)

 

veteranos 48 morgado

Família:

Filho de José Felix Morgado e Maria Coleta de Barros Morgado. Casado com Ilma Eulália Vieira Morgado, teve três filhos: Ana Maria, Marisa e Fernando. Tinha quatro irmãos: José, Ernani, Maria e Félix, dos quais Fernando era o caçula. 

Antecedentes: 

Aspirante a Oficial da Reserva Convocado da turma de 1944. Em 1939 concluiu seus estudos no hoje extinto Ginásio do Estado, em Taubaté. Ao atingir a maioridade inscreveu-se no CPORAer (Centro de Preparação dos Oficiais da Reserva da Aeronáutica) por influência de seu irmão Félix Barros Morgado, à época cadete da Força Pública do Estado de São Paulo e que mais tarde viria a ser chefe do Estado-Maior da PM-SP. 

Na guerra:

Exerceu a função de Piloto de Combate da Esquadrilha Azul com o código B1 (2º)*. Realizou 19 missões de combate, a primeira em 11/04/1945 e a última em 30/04/1945. Apresentou-se em Pisa em 05/04/1945, vindo diretamente de centro de treinamento nos EUA.
* Ainda que voasse na esquadrilha azul sua aeronave tinha código esquadrilha "B", da Esquadrilha Amarela, porque àquela altura esta já havia sido extinta e seus aviões distribuídos entre as demais esquadrilhas. 

No pós-guerra: 

Ao regressar para o Brasil permeneceu na FAB até 1947. Pediu desligamento e ingressou como piloto da Panair, tendo chegado a ser Comandante.

Faleceu em consequência de acidente aeronáutico ocorrido 16/06/1955 na posição de 1º Oficial do Constellation L-049 (s/n 2032), prefixo PP-PDJ, na cidade de Assunção, Paraguai. Com fraturas e 75% do corpo com queimaduras de 2º e 3º graus, Morgado foi atendido inicialmente num hospital em Assunção sendo depois transferido para o Rio de Janeiro. Resistiu aos ferimentos por 15 dias após o acidente, falecendo na noite de 01/07/1955 na Casa de Saúde Santa Luzia. Foi sepultado em Taubaté, sua cidade natal onde hoje a Rua Comandante Fernando de Barros Morgado presta-lhe homenagem,

Condecorações: 

 

med campanha italia Campanha da Itália
med cruz aviacao a Cruz de Aviação Fita 'A'
med cruz aviacao b Cruz de Aviação Fita 'B'
med campanha atlantico Campanha Atlântico Sul
med ordem do merito aeronautico cavaleiro Ordem do Mérito Aeronáutico
med dfc usa Distinguished Flying Cross (EUA)
med air medal usa Air Medal com 3 Palmas (EUA)
med puc Presidential Unit Citation (EUA)

 

Fernando de Barros Morgado, pelo Maj. Brig. Ref. Rui Barbosa Moreira Lima
(Extraído do Livro "Senta a Púa")

Apresentou-se em Pisa no dia 3 de abril de 1945. Fim de guerra... Ingressou direto na escala de voo. Se tivesse que aprender mais alguma coisa, que treinasse em combate. Não teve. Estava pronto para entrar em ação. Bom piloto. com alto padrão de pilotagem e grande combatividade, engrenou nas missões como se fosse um veterano.

Foi designado para voar na "Blue Flight", a Esquadrilha Azul, na época comandada pelo Horácio. Não teve muita oportunidade de mostrar seu verdadeiro valor.

Realizou 19 missões nos 21 dias em que operou. Em uma delas no dia 24 de abril de 1945, voou em minha ala. Era a minha octogésima sexta. O Objetivo era a ponte ferroviária de Sórbolo. O Coronel Nero foi o comandante, tendo o Major John Buyers de no 2, eu de líder de elemento e ele o no 4. O objetivo foi destruído. Morgado fez um "bingo", atingindo diretamente o meio da ponte. O restante da esquadrilha completou o trabalho. Sucesso! Como o Coronel Nero estava curto de gasolina, desci com o Morgado para o ataque rasante a alvos de oportunidade. Ele destruiu três caminhões e eu outros três.

Observei bem seu voo. Igualou-se em tudo aos veteranos, desde a perfeição com que executou o voo de formatura, até o ataque aos caminhões. Ao regressar da missão tive curiosidade de ver seu relatório. Não havia senão, continha justamente o que aconteceu. Certa vez foi atingido seriamente pelo Flak numa missão no Passo de Brenner.

Morgado era excessivamente reservado. Estatura média (mais ou menos 1,73m), físico bem formado, excelente caráter, caiu no "goto" dos companheiros logo de saída. Tinha uma extrema boa fé em tudo que lhe contavam.

No regresso ao Brasil, Morgado voou bastante tempo na Base Aérea de Santa Cruz. Logo conquistou o lugar de líder de esquadrilha. Sóbrio no falar, voava no ESPC dando instrução e transmitindo aos jovens da nova geração o que sabia tão bem - os segredos da aviação de caça. No 1o Grupo, lá na Itália, mereceu o respeito dos companheiros. Em Santa Cruz distinguiu-se pela pilotagem fina e grande combatividade.

Um dia, no início de 1947, reuniu os companheiros de guerra e nos confessou que iria dar baixa da FAB. "Afinal sou um oficial da reserva convocado. Daqui a pouco estes jovens aspirantes que estou instruindo serão promovidos, passarão por mim nos galões e eu a voar Caça. Não, deixarei vocês, irei voar na aviação civil."

Ingressou na Panair do Brasil. Piloto de primeira linha, ceto tomou assento no lado esquerdo da cabine de um Constellation tornando-se Comandante. No dia 16 de junho de 1955, lá em Assunção, Paraguai, seu Constellation bateu na copa de algumas árvores quando fazia a curva base para a aproximação final. Nessa etapa estava sentado do lado direito no lugar do co-piloto. O teto era quase nulo. Fui a seu enterro em Taubaté, de onde era filho querido. Conheci os Morgado. Gente séria como ele. 

Morgado! Esse extraordinário homem e grande piloto de combate deixou um claro entre os veteranos do 1o Grupo de Caça...